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Ricardo de João Braga
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Política e meio ambiente
28/5/2025 13:11
Há momentos em que a humanidade encontra-se em encruzilhada. Hoje a magnitude do desafio humanitário que vivemos não pode ser exagerada. A criação de uma economia sustentável, que dê suporte à vida humana de forma digna e universal, é o caminho certo. Essa é a luta maior de Marina Silva. Quem não enxerga isso perdeu o mais importante, entregou-se a seguir irrelevâncias ou pregadores de má fé.
Marina Silva, pessoa e ministra, recebeu ataques cheios de significado no Senado Federal. Não se trata de nada menos do que dois projetos civilizatórios distintos. Marina, ao posicionar-se ao lado do meio ambiente, reflete o consenso científico da necessidade de serviços ambientais como oferta de água, regulação climática, reserva de biodiversidade (para inúmeras aplicações). Esse modelo gera atividades econômicas que produzem ganhos que podem ser socializados, como o apoio a comunidades tradicionais, pequenos agricultores, além de todas as externalidades positivas de uma natureza plena e viva (ar fresco, água limpa, saúde, alegria). Agredindo-a temos a coalizão da exploração primitiva. Seu foco é o mais primário possível, pois se trata de usar as riquezas da natureza de forma imediata, não sustentável. É o tirar madeira, colocar gado ou plantação por alguns anos e depois abandonar a terra exaurida incapaz de produzir os serviços ambientais. Nesse modelo o ganho é apropriado imediatamente pelo explorador e os prejuízos socializados posteriormente.
Marina Silva luta pelo novo, e os senadores agressores pelo velho. A inércia está do lado deles. Seu eleitorado aprendeu a viver da exploração primitiva da floresta, da natureza. Eles podem gritar "Marina atrapalha nosso progresso" e serem ouvidos porque essa é a dinâmica posta até o momento. Mas isso não se sustenta. O velho teima em resistir, mas nós precisamos do novo.
A ciência o repete dia após dia: o bioma amazônico pode colapsar se a floresta reduzir-se ainda mais. Assim não haverá produtividade das terras na região, o Cerrado perderá parte substancial das suas chuvas, diminuindo suas safras e rentabilidade, o Pantanal se tornará mais seco e menos produtivo, e a produção de energia limpa, hidrelétrica, do Brasil sofrerá perdas significativas. Então, a grita que "Marina atrapalha" conta que todos os futuros prejudicados vivam com antolhos. Os que hoje muito gritam vão se beneficiar dos ganhos primários e amanhã deixarão o prejuízo aos seus eleitores.
Coloco aqui também minha crítica ao governo. É praxe, cortesia, hábito, procedimento comum, que ministros do governo sejam defendidos nos debates legislativos por parlamentares aliados. Não se trata de fraqueza do ministro em questão, mas da noção de governo, de grupo unido em seus propósitos. O abandono de Marina Silva pelos hipotéticos aliados mostra que sua agenda não foi aceita nem mesmo pelo governo. Seu ministério vive como um pingente na estrutura governamental. Infelizmente, isso mostra que nem na oposição nem no núcleo do governo temos uma opção pela sustentabilidade.
Quanto aos movimentos sociais, Marina Silva foi agredida sim como mulher, como pessoa de origem humilde, negra. O episódio é um momento ótimo para os diversos movimentos críticos da sociedade (ambiental, sindical, feminista, negro, etc.) compreenderem que sua luta se enfeixa e se articula. Há um monólito conservador, reacionário, que ganha com a divisão dos movimentos. Dizer que Marina Silva foi agredida por misoginia é parcial. Que foi agredida como negra é parcial. Ela foi atacada pelo conjunto, na forma e no conteúdo do ataque.
Meus mais sinceros agradecimentos à pessoa, ministra e cidadã Marina Silva pela luta que realiza, pelos valores que simboliza e divulga. A causa da humanidade não pode ser abandonada diante de ataques do atraso, da rapinagem, da desonestidade. Sempre foi assim, e sempre, felizmente, houve pessoas para mostrar o caminho certo e lutarem por ele. Agora é a vez de Marina.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.
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