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Golpe de 8 de janeiro. Eu já sabia...

Dados do Painel do Poder mostram que parte do Congresso já previa crise institucional antes do 8 de janeiro.

Ricardo de João Braga

Ricardo de João Braga

André Sathler

André Sathler

12/5/2025 9:33

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O Congresso em Foco Análises realiza, desde 2020, a pesquisa Painel do Poder. A cada trimestre, com raras interrupções, aplica-se uma survey a aproximadamente 70 parlamentares do Congresso Nacional, tanto deputados federais quanto senadores. A pesquisa objetiva auscultar os humores e posições dos parlamentares sobre diversos temas políticos, desde a avaliação do governo e autoridades até as chances de sucesso na aprovação de determinadas propostas legislativas e políticas públicas. O grau de dificuldade na aplicação da pesquisa tem magnitude equiparável à qualidade dos respondentes: deputados e senadores, independentemente de suas posições políticas e ideológicas, funcionam como antenas que captam os mais tênues sinais do ambiente político e suas possibilidades. Conhecer suas avaliações então é algo valioso e útil.

Predizer o futuro a partir de avaliação metódica de dados do presente e do passado é uma das tarefas essenciais da ciência, e a predição acurada é o padrão ouro pelo qual se mede o valor de determinados tipos de pesquisa e métodos. Ao longo do período de aplicação do Painel do Poder, pudemos, por exemplo, tanto acompanhar as possibilidades crescentes de sucesso da Reforma Tributária contrariando as convicções pessimistas de um destes que lhes escreve quanto como o desempenho do governo variou durante os governos Bolsonaro e Lula III. Muita luz sobre o futuro da política brasileira pôde ser vista nas recorrentes rodadas da pesquisa.

Congresso já previa crise institucional antes do 8 de janeiro

Congresso já previa crise institucional antes do 8 de janeiroGabriela Biló/Folhapress

Como provocação e exemplo, trazemos aqui a avaliação, feita em junho de 2022, sobre os prognósticos de um golpe de estado no Brasil. Naquela data questionamos os parlamentares da seguinte forma:

"Com relação à hipótese de que, em caso de derrota, o presidente Jair Bolsonaro incite um movimento similar ao que aconteceu nos Estados Unidos, de contestação dos resultados e incentivo à invasão de outros poderes, a senhora/o senhor considera". As respostas vinham numa escala do "quase certo" ao "muito improvável". E os achados foram os seguintes:

Gráfico 1 - Contestação do resultado eleitoral

Gráfico 1 - Contestação do resultado eleitoralElaborado pelo autor

Via-se, já em junho de 2022, que muitos parlamentares consideravam a possibilidade de golpe definida pelas respostas "quase certa" ou "muito provável". Quase um terço dos respondentes (31,25%) mostrava-se alerta.

Quando considerávamos a divisão Base, Independente e Oposição da época, os resultados tornavam-se ainda mais interessantes.

Gráfico 2 - Contestação do resultado eleitoral por posição

Gráfico 2 - Contestação do resultado eleitoral por posiçãoElaborado pelo autor

Mesmo entre a base do governo havia um parlamentar que considerava a contestação "medianamente provável". Na oposição, alinhada à candidatura do então ex-presidente Lula, os números mostravam-se muito sólidos. Contudo, o mais importante é que mesmo parlamentares independentes, oito deles (42,1% do seu grupo), consideravam o golpe "quase certo" ou "muito provável".

A próxima pergunta da mesma pesquisa questionava: "Ainda considerando as eleições, com relação à continuidade do funcionamento regular das instituições, qual das opções abaixo o a senhora/o senhor considera mais provável". As respostas eram:

  • As eleições e seus desdobramentos acontecerão normalmente.
  • Haverá momentos de estresse durante as eleições, mas serão superados rapidamente.
  • Haverá momentos de estresse durante as eleições, superados com dificuldade.
  • Haverá ruptura institucional.

Vê-se que as opções cobriam um crescendo de possibilidades de crise.

As respostas que tivemos encontram-se no gráfico a seguir:

Gráfico 3 - Funcionamento regular das instituições

Gráfico 3 - Funcionamento regular das instituiçõesElaborado pelo autor

23 respondentes (35,9%) disseram que a superação seria difícil ou haveria ruptura institucional (de fato apenas um respondente, da oposição à época, optou por ruptura).

A tentativa de golpe de estado de 8 de janeiro de 2023 e agora a pressão por anistia aos condenados mostra que para uma parte considerável dos parlamentares a perspectiva das ações que ocorreriam e o processamento das consequências não foram surpresa. Um terço ou mais do total estavam alarmados com a possibilidade de golpe e a dificuldade institucional de superá-lo. Tais números soam suficientes para que o bom analista fique de orelha em pé e fareje o ambiente com o devido cuidado. De fato, não seria de se desconsiderar que os congressistas, com sua capacidade de filtrar informações e acesso a círculos inalcançáveis para a maioria dos cidadãos, inclusive outros profissionais da política, já conhecessem pistas e indícios do que estava por vir.

Conhecer o Congresso exige uma série de habilidades e esforços, ao qual muita gente se dedica e assim produz informação importante para a sociedade. O que queremos ressaltar neste artigo é que enquanto muito desse conhecimento flui na forma de crônicas e impressões de gente bem relacionada - muitas fontes "em off" -, um instrumento de pesquisa robusto e aplicado com frequência, como o Painel do Poder, produz conhecimento sólido e bastante útil para tomadores de decisão e interessados em geral.

A brincadeira do título com o "já sabia" vem para provocar todos aqueles que, por profissão ou interesse cidadão, revolvem-se diante da permanente esfinge que é o comportamento desse grupo tão especializado de decisores que formam o Congresso Nacional. Boas pesquisas ajudam, sem dúvida.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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tentativa de golpe 8 de janeiro pesquisa Painel do Poder
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