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A adultização e a saúde mental das crianças na internet

Projeto ECA Digital busca frear efeitos da adultização, mas especialistas pedem responsabilidade das plataformas e políticas públicas robustas.

Beth Veloso

Beth Veloso

27/8/2025 16:00

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A adultização impacta a saúde mental das crianças, trazendo riscos que vão do cyberbullying à depressão, da ansiedade à automutilação.

A Câmara aprovou na semana passada um projeto que busca dar mais segurança na internet a crianças e adolescentes. E este tema continua em debate em um grupo de trabalho e nas comissões da Casa.

Em torno de 14% das nossas crianças e adolescentes têm pelo menos um transtorno psiquiátrico. São as emoções que estão adoecendo cada vez mais cedo no contato com as redes digitais.

Para combater isso, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 2628, conhecido como ECA Digital. O projeto estabelece regras para proteger crianças da exposição a conteúdos impróprios na internet e também busca impedir a exploração de menores por redes criminosas, como as de pedofilia.

Mas por que essa votação foi tão comemorada? E o que fez esquerda, direita e movimentos sociais se unirem em torno desse projeto, que agora segue para análise no Senado?

A Psiquiatra e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e do Ensino Einstein, Maria Carol Pinheiro, que pesquisa o tema da adultização e coordena a disciplina de saúde mental nas escolas da pós-graduação em Neurociência Aplicada à Educação da Santa Casa, alerta para um aumento vertiginoso dos transtornos psiquiátricos na infância e na adolescência.

"Infelizmente, e aí temos o vídeo do Felca que ainda bem explodiu isso, pra que a gente possa fazer esse debate nacional sobre esse assunto, a gente sabe que existe uma rede que favorece a pedofilia na internet. Então, que quando as crianças expõem conteúdos muitas vezes inocentes, isso pode ser transformado, isso pode ser gerado, ainda pior com a questão da inteligência artificial, que eu vejo poucas pessoas falando sobre isso, mas que é importante a gente colocar nessa exposição, nessa sexualização das crianças. E isso tem um impacto emocional muito grande. A gente está falando de crianças, adolescentes, que não têm ainda um cérebro amadurecido pra viver essas situações de estresse. E a gente sabe que situações como essa, muito comumente, deflagra situações traumáticas, situações emocionalmente muito complicadas, uma alteração de autoestima, e aí especialmente das meninas, existe uma diferença nos estudos, além de risco de depressão, de ansiedade, às vezes até de autolesões, que a gente tem visto nos nossos adolescentes."

Por que falamos em uma rede que favorece a pedofilia? Fotos inocentes podem ser transformadas e manipuladas. A inteligência artificial facilita a produção de conteúdos falsos e sexualizados. As plataformas ainda não têm filtros eficazes, e as crianças ficam vulneráveis em redes como Discord, Instagram e TikTok. Adultos se passam por adolescentes e pedem fotos e contatos. Por outro lado, as crianças muitas vezes não têm consciência da exposição a que estão submetidas. A Dra. Maria Carol alerta: estamos construindo uma sociedade doente.

"Nós estamos vivendo uma verdadeira pandemia de transtornos psiquiátricos e uma verdadeira pandemia de transtornos psiquiátricos na infância e na adolescência e nós temos 14% de nossas crianças e adolescentes com pelo menos um transtorno psiquiátrico. Não estou falando de sofrimento psíquico, mas de transtorno psiquiátrico. Isso do ponto de vista da sociedade é gravíssimo. Eu costumo dizer que toda doença psiquiátrica ela é pediátrica por princípio. O que a gente vive na infância, é fundamental na regulação das nossas emoções e do nosso psiquismo. A infância deve ser protegida porque ela é o momento mais importante para a sociedade que a gente vai construir."

Exposição precoce nas redes acelera transtornos em crianças e adolescentes.

Exposição precoce nas redes acelera transtornos em crianças e adolescentes.Freepik

Depressão, ansiedade, automutilação, transtornos alimentares. É uma verdadeira pandemia silenciosa de sofrimento psíquico. Mas afinal: é só desligar o computador? De quem é a responsabilidade?

Até o momento, o peso maior tem recaído sobre os pais. Mas isso é injusto. Os pais não são responsáveis pela monetização de conteúdo criminoso, que faz parte do modelo de negócios das big techs. Por isso a regulamentação é tão importante: para combater o problema pela raiz. A internet - e especialmente as redes sociais - não são territórios neutros, muito menos seguros para crianças, como informa a Dra. Maria Carol.

"Eu tenho muito receio dessa ideia de colocar toda a responsabilidade apenas nos pais. É claro que eles têm o dever de zelar e proteger, mas essa é apenas uma das camadas. Também existe o papel da escola, tanto na conscientização quanto no letramento digital. Já temos seis meses de experiência sem celular nas salas de aula e os benefícios já são visíveis. A escola tem uma função fundamental nesse processo de orientar e preparar para o uso consciente das tecnologias, porque não dá para imaginar que as crianças não terão acesso ao celular - o que precisamos é garantir um acesso protegido. Além disso, é essencial refletir sobre a responsabilidade das próprias plataformas digitais e sobre o papel das políticas públicas nesse cenário."

O projeto aprovado só entrará em vigor dentro de um ano, a partir da sanção. Isso, claro, se o Senado aprovar o texto da Câmara. Até lá, pais, escolas e sociedade precisam atuar em conjunto.

Algumas dicas da Dra. Maria Carol para as famílias:

1) Se interesse pelo filho: saiba do que ele gosta, quais séries assiste, seus medos e desejos;

2) Observe mudanças de comportamento: isolamento, irritabilidade, insônia;

3) Monitore o uso da internet - não deixe sem controle.

E a mensagem final que fica é clara: 'não é inteligente como sociedade negligenciar nossas crianças. É urgente investir na infância, porque adultos adoecidos custam muito mais para serem consertados.

Assista:


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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