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Por que é tão difícil inovar no Brasil?

País ocupa 50ª posição no ranking global e sofre com cortes em P&D; especialistas defendem políticas de longo prazo e menos burocracia.

Beth Veloso

Beth Veloso

3/9/2025 | Atualizado às 11:36

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O Brasil já esteve à frente de países como a Coreia do Sul e a China nos anos 1980. Hoje, estamos bem atrás em inovação, competitividade e bem-estar social. O que aconteceu? Por que é tão difícil inovar no Brasil?

Inovação ainda soa como uma palavra estranha no Brasil. Não temos essa cultura enraizada. O risco que ela envolve exige muitos recursos e, em um país de cobertor curto, sempre parece competir com prioridades como saúde, educação e segurança. Mas aí está o paradoxo: enquanto não investirmos em inovação, continuaremos atrasados justamente nesses setores. Inovação é transversal, atravessa toda a economia e o serviço público. Não é um tema exclusivo das empresas - governos também podem e devem inovar. O que falta ao Brasil é estabilidade para que gestores públicos e privados consigam planejar e executar projetos de longo prazo, capazes de transformar o crescimento econômico e social do país.

Alvaro Prata, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), organização que já reúne mais de 2.200 empresas em milhares de projetos, aponta os entraves da inovação no Brasil. Ele destaca três pontos centrais: as políticas de longo prazo ainda são raras no país, a burocracia trava a agilidade necessária e falta integração entre quem pesquisa e quem produz.

"Então, é preciso que haja previsibilidade. Então, as políticas públicas têm que estar direcionadas a longo prazo. Então, é preciso que a nação brasileira possa apontar direções e caminhar consistentemente naquela direção. Esse é um aspecto, a questão da previsibilidade. O outro aspecto é que a inovação demanda agilidade, demanda mudanças. Então, é preciso que haja um arcabouço legal, jurídico, que favoreça isso. É preciso que haja pouca burocracia nas transformações. Então, nós precisamos melhorar todo aquele ambiente que permite que mudanças ocorram numa determinada direção. E o terceiro aspecto que eu destacaria é que, num país, sobretudo como o Brasil, você precisa que os entes que atuam na inovação possam estar interligados."

Essas são as razões principais que levam o país a ficar longe de uma boa posição no ranking de inovação? Mas os brasileiros não são vistos como tão criativos e inventivos...

Sem políticas estáveis e com pouco investimento, o Brasil desperdiça potencial em áreas estratégicas como saúde, bioeconomia e energia limpa.

Sem políticas estáveis e com pouco investimento, o Brasil desperdiça potencial em áreas estratégicas como saúde, bioeconomia e energia limpa.Freepik

Os países que mais avançam são os que tiveram metas de longo prazo. Eles entenderam que bem-estar e competitividade estão ligados à inovação. Criaram programas e mantiveram políticas por décadas. O Brasil já esteve à frente da Coreia e da China. Hoje está atrás. Coreia do Sul e China fizeram da inovação uma política de Estado.

Resultado: aumento de renda per capita, empregos de qualidade e indústrias globais. O Brasil perdeu esse timing por falta de continuidade. Segundo o Global Innovation Index (GII) 2024, publicado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI ou WIPO): o Brasil ocupa a 50ª posição entre 133 economias avaliadas.

Alvaro Prata explica os efeitos positivos da inovação:

"Os países que hoje representam aquelas nações que mais avançam nessas novas tecnologias são aqueles que tiveram metas de longo prazo. Coreia do Sul é um exemplo, a China é um exemplo, os países da Escandinávia também são exemplos a serem considerados em outra escala. Então, se nós observarmos ali na década de 80, o Brasil estava na frente da Coreia do Sul, estava na frente da China, dois exemplos que eu dei. E olha o distanciamento que esses países estão em relação ao Brasil. E por que isso? Porque lá atrás eles entenderam que a competitividade, a produtividade, a geração de riqueza e o bem-estar das pessoas está muito associado na capacidade do país de ter uma indústria competitiva, uma indústria que exporta, que gera empregos, que gera riqueza."

E quem financia a inovação no Brasil?

Inovação requer recursos, infraestrutura e pessoas qualificadas. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico é uma fonte de recursos fundamental, mas sofre cortes e incertezas.

Só para se ter uma ideia, dos R$ 4,9 bilhões do orçamento do FNDCT em 2020, R$ 4,2 bilhões (87,5 %) foram bloqueados, ficando à disposição do governo para superávit fiscal - lembrando que esses recursos deveriam ser investidos em ciência, tecnologia e inovação.

O Brasil investe pouco em P&D, e as empresas têm medo de arriscar. Não há uma cultura de inovação. O Estado investe menos de 1,2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. Poucos engenheiros são formados e fuga de talentos. Empresas enxergam inovação como custo, não como investimento, como explica o presidente da Embrapii:

"Inovação requer infraestrutura, requer recursos, requer pessoas qualificadas. O nosso maior provedor de recursos hoje, quando nós falamos em inovação, é o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT. Há poucos dias atrás, nós corremos o risco de ter esses recursos bastante reduzidos por demandas que ocorreram no Supremo Tribunal Federal, que foram resolvidas, mas sempre existe essa incerteza. Em outros momentos, recursos do FNDCT foram contingenciados. Então, não há essa disponibilidade perene de programas, recursos que possam ajudar a financiar as plataformas de inovação."

E quais são as áreas em que o Brasil se destaca, juntamente com a Embrapii?

Áreas como saúde, energia e bioeconomia têm grande potencial. O governo pode usar compras públicas para estimular inovação e garantir mercado para medicamentos e insumos nacionais. A Embrapii já realizou mais de 3.400 projetos com empresas, mostrando que é possível inovar com pouca burocracia e segurança para a indústria.

A Embrapii é um exemplo de política que funciona. Projetos em saúde, hidrogênio verde, cibersegurança, descarbonizarão, à economia circular, bioeconomia estão em curso. Mas é preciso escalar e dar perenidade: transformar casos isolados em estratégia nacional.

O Brasil não precisa reinventar a roda: precisa transformar conhecimento em negócios, ciência em tecnologia, juventude em talento aplicado.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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