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Falta de regulação resulta em riscos físicos e emocionais da estética infantil no Brasil.

Marina Helou

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21/10/2025 13:00

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Vídeos de maquiagem protagonizados por meninas de oito, nove ou dez anos têm viralizado em segundos. Produtos anti-idade são aplicados em peles ainda em formação. Linhas de beleza "para brincar", apresentadas por influenciadoras mirins, escondem estratégias sofisticadas de consumo precoce. Tudo isso acontece no Brasil, um país que já ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de vendas de produtos infantis de higiene e beleza. É preciso estarmos atentos.

Tornou-se comum ver crianças aplicando séruns, bases e até produtos anti-idade, influenciadas por vídeos virais nas redes sociais. Fórmulas desenvolvidas para adultos, com retinoides, ácidos e antioxidantes em altas concentrações, podem causar irritações, manchas e dermatites. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as crianças estão começando a usar maquiagem, especialmente batons e sombras, aos quatro anos de idade. Uma exposição precoce e que aumenta os riscos de alergias e sensibilização.

A tendência revela um fenômeno ainda mais grave: o fato de que a infância tem sido tratada como um novo nicho de mercado. Especialistas alertam que o uso frequente de cosméticos na infância pode moldar a autoestima de maneira distorcida. Ao associar beleza e aceitação ao uso de produtos, meninas e meninos passam a reproduzir padrões idealizados desde cedo, internalizando pressões que se intensificam na adolescência. Os efeitos vão além da pele.

Apesar disso, o Brasil não possui regulamentações específicas para a fabricação, comercialização e publicidade de cosméticos voltados ao público infantil. Essa ausência de parâmetros abre espaço para práticas abusivas e para a exploração da vulnerabilidade infantil. É urgente trazer esse tema para o centro da agenda nacional.

Avanço da indústria da beleza sobre crianças é preocupante.

Avanço da indústria da beleza sobre crianças é preocupante.Freepik

Assim como o Congresso aprovou o ECA Digital, estabelecendo diretrizes para proteger crianças e adolescentes nos ambientes virtuais, precisamos avançar com marcos regulatórios no universo da estética e do consumo. Em São Paulo, temos buscado construir uma rede de proteção articulada. A Lei que restringe o uso de celulares nas escolas, por exemplo, criou ambientes mais saudáveis e focados no aprendizado.

No campo da alimentação, propusemos garantir o acesso a alimentos orgânicos e agroecológicos nas escolas públicas, fortalecendo saúde, cultura alimentar e sustentabilidade. Mais recentemente, protocolamos um projeto que proíbe produtos de maquiagem, cosméticos e cuidados com a pele com foco no público infantil.

Essas ações partem de um mesmo princípio: cuidar da infância exige uma visão integrada e ação coordenada. Saúde, educação, comunicação e direitos humanos precisam caminhar juntos. A estética infantil pode parecer um tema lateral, mas é parte de um desafio central: proteger o tempo, o corpo e a subjetividade das crianças em uma sociedade que transforma tudo em oportunidade de consumo.

É preciso traçar limites que preservem o que é próprio da infância e tão importante ao desenvolvimento das crianças: a curiosidade, o lúdico e o direito de crescer sem que interesses econômicos ditem os rumos. O debate sobre maquiagem infantil é, na verdade, um alerta sobre o futuro. As escolhas que fazemos hoje -nas prateleiras e nas políticas públicas - definirão as próximas gerações. E proteger nossas crianças precisa estar no centro dessas decisões.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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