Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Colunas >
  3. Essa espúria relação entre religião e política no Brasil | Congresso em Foco

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News
LEIA TAMBÉM

Paulo José Cunha

Liberdade de acesso à informação ou palanque midiático?

Paulo José Cunha

Cicatrizes que não param de sangrar

Paulo José Cunha

A direita pós-modernizou-se e ficou ainda mais perigosa

Paulo José Cunha

Pissigção! Pissigção!

Paulo José Cunha

Anistia: a hora é de punição exemplar, e não de perdão

Essa espúria relação entre religião e política no Brasil 

Paulo José Cunha

Paulo José Cunha

31/8/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 16:57

A-A+
COMPARTILHE ESTA COLUNA

O presidente da República, Jair Bolsonaro, assiste ao culto na Igreja Batista Atitude,acompanhado da  esposa, Michelle Bolsonaro e o pastor Josué Valandro. [fotografo] Fernando Frazão/Agência Brasil[/fotografo]

O presidente da República, Jair Bolsonaro, assiste ao culto na Igreja Batista Atitude,acompanhado da esposa, Michelle Bolsonaro e o pastor Josué Valandro. [fotografo] Fernando Frazão/Agência Brasil[/fotografo]
A prisão do pastor Everaldo, presidente do PSC, mais uma vez expõe a relação perniciosa e permissiva entre política e religião no Brasil. Se na década de 1930 a ascensão do comunismo via revolução bolchevique de 1917 na Rússia facilitou uma articulação católica em torno do movimento conservador integralista, na atual quadra a relação se institucionalizou. A atuação ostensiva e eficaz no Congresso da "Bancada da Bíblia", que reúne católicos e evangélicos, contribuiu decisivamente para a eleição de Bolsonaro. O apoio a ele foi dado dos próprios púlpitos, fato até então inédito.  >Joice e Matarazzo anunciam candidaturas à prefeitura de SP nesta segunda No início do século XX, os operários eram estimulados pela Igreja Católica a se manter nos sindicatos para combater a esquerda. As religiões de matriz protestante ainda eram incipientes, e praticamente não tinham expressão no mundo político. Naquela época, foram criados os Círculos Operários Católicos e a Juventude Operária Católica. Mas uma instituição - a Liga Eleitoral Católica - foi quem escancarou os objetivos políticos da Igreja em relação à estrutura e ao funcionamento do governo.  A LEC foi criada explicitamente para influenciar na formação dos legislativos nas eleições de 1933, de olho na Constituinte. Teve atuação nacional e funcionou basicamente como filtro ideológico, indicando os candidatos mais perfilados com o conservadorismo moral, como a luta contra o divórcio, e a defesa do ensino religioso. Estudiosos apontam que Vargas foi eleito com apoio desses grupos e incorporou ao seu governo muitas das suas postulações. Em troca, eles foram beneficiados com a concessão de vários privilégios.   Olhando em retrospectiva, percebe-se que após a era Vargas a influência religiosa só foi aparecer novamente de forma mais explícita em 1964, quando conservadores católicos radicais se uniram para derrubar João Goulart. A "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", até na denominação, remete muito aos jargões atuais, como o slogan bolsonarista "Brasil acima de todos, Deus acima de Tudo". Escancarou geral  Se dos anos 1930 aos anos 1960 a influência religiosa, basicamente católica, era feita em bases, digamos, mais aceitáveis e por meio de lobbies legítimos, atualmente a relação religião/governo é praticada em bases abertamente fisiológicas e sem qualquer pudor de natureza ética. Enquanto a igreja católica tem uma atuação mais crítica e por vezes incisiva em relação ao governo Bolsonaro, através de organizações como a CNBB, grupos evangélicos, de mãos dadas com um governante francamente populista, não se envergonham em atuar descaradamente em sentido contrário e em oposição até mesmo ao que preceituam os princípios bíblicos. O pastor Everaldo, por exemplo, foi preso por organizar uma "caixinha" de propinas que dividia com o Governador do Rio, Wilson Witzel. Não que não existam corruptos entre os católicos. Claro que existem. O padre Robson, da Diocese de Trindade, Goiás, por exemplo, está sendo investigado por comprar fazendas e casas de praia, tudo com dinheiro oriundo do dízimo.  Não consta que tenha tido atuação político-partidária, apesar de grupos católicos autônomos, espalhados pelo país, anunciarem publicamente apoio a Bolsonaro, mesmo contra a orientação da CNBB.  O dízimo que constrói fortunas  Mas o que vem chamando a atenção nos últimos anos é a desfaçatez com que pastores evangélicos exibem fortunas pessoais estrondosas. Segundo a revista Forbes, o Bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, com uma fortuna pessoal de 2 bilhões de reais, lidera o ranking, que ainda envolve Valdemiro Santiago e Silas Malafaia, entre outros. Sob o manto protetor da liberdade religiosa assegurada pela Constituição Federal, pastores de igrejas caça-níqueis espalhadas por todo o país não se ruborizam em vender objetos milagrosos e incentivar o pagamento de dízimo principalmente pelos mais humildes. Como a gerência desses recursos não é auditada nem as igrejas precisam comprovar a origem, há denúncias de que muitas delas funcionam como lavanderias de dinheiro. O catolicismo vem perdendo espaço no Brasil justamente porque ainda mantém a visão conservadora e estóica em relação aos bens terrenos. Enquanto os pentecostais, por exemplo, trabalham na perspectiva de uma "teologia da prosperidade", o que os exime de evitar a ostentação e os números estratosféricos de suas contas pessoais, vistas como sinais da interferência divina.   Como a relação espúria e o apoio a Bolsonaro lhes garante atuação livre de qualquer controle, muitos desses líderes religiosos não só se servem dessa complacência como se orgulham de gozar da intimidade do capitão-presidente. E não se envergonham de oferecer apoio explícito aos políticos conservadores mais criticados. Há fotos de Malafaia, por exemplo, ao lado de Eduardo Cunha, Temer e Bolsonaro, para ficar num exemplo. E a imagem do pastor Everaldo batizando Bolsonaro nas águas do rio Jordão, em Jerusalém, corre pelas redes sociais. Com uma bancada sólida, aliada a outros setores conservadores como as bancadas da Bala (militares e policiais) e do Boi (ruralistas), atualmente os evangélicos dão as cartas e cada vez mais definem os rumos do atual governo.     O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br. > Leia mais textos do autor
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

Bolsonaro evangélicos religião e política bancada evangélica Silas Malafaia Edir Macedo católicos pastor everaldo bancada da Bíblia Paulo José Cunha Wilson Witzel Valdemiro Santiago

Temas

Colunistas
COLUNAS MAIS LIDAS
1

Comunicação e justiça

Liberdade de acesso à informação ou palanque midiático?

2

Reforma política

A federação partidária como estratégia para ampliar bancadas na Câmara

3

Política ambiental

Política ambiental: desmonte, reconstrução e o papel do Congresso

4

Intolerância

Quando se ataca um povo, fere-se toda a humanidade

5

Polarização online

A democracia em julgamento: o caso Zambelli, dos feeds ao tribunal

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES