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Paulo José Cunha

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13/9/2021 | Atualizado 10/10/2021 às 16:53

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O presidente Jair Bolsonaro [fotografo]Marcelo Camargo/Agência Brasil[/fotografo]

O presidente Jair Bolsonaro [fotografo]Marcelo Camargo/Agência Brasil[/fotografo]

Bolsonaro só é Bolsonaro quando é Bolsonaro. Quando não é Bolsonaro, Bolsonaro não é Bolsonaro. Sim, eu sei: isto é um truísmo gritante, irritante E até ridículo. Mas fiz questão de usá-lo propositalmente logo na abertura desta coluna com o objetivo de fazer o leitor pensar sobre uma verdade muito cristalina, que ainda não parece clara para muita gente.

Bolsonaro foi eleito por eleitores desapontados com a classe política, turbinados pelo moralismo anacrônico dos pastores das igrejas caça-níqueis e seduzidos pelo discurso rasteiro do combate à corrupção e das soluções fáceis para problemas concretos ("para acabar com a violência basta armar todo mundo", por exemplo). Tudo isso somado a uma retórica de boteco pé-sujo que se utiliza de uma profusão de palavrões cabeludos, de arrogância machista, homofóbica e misógina - bem ao gosto de uma grande fatia do povão mais rude. Bem como da criação de falsos problemas, como a dúvida sobre a lisura das eleições com uso da urna eletrônica, e o auxílio fundamental das redes sociais para a difusão massiva de fake news renovadas diariamente e recebidas pelos apoiadores como verdades incontestáveis. Não à toa, baixou uma Medida Provisória, que já está sendo duramente contestada, liberando a prática das fake news, ao proibir seus autores de terem seus perfis removidos pelas plataformas, como ocorre hoje.

Nas quatro linhas, sim. Mas para os outros 

Até aqui fui óbvio. Por uma única razão: quem imagina na seriedade da promessa contida naquela carta redigida pelo ex-presidente Michel Temer em que Bolsonaro se compromete a respeitar os espaços dos três poderes, buscar a harmonia e lutar pelos reais problemas do país está embarcando numa canoa sem popa, proa ou fundo. Isso porque Bolsonaro só existe quando é Bolsonaro, aquele com jeito de cavalo batizado lá da origem, que diariamente desanca aos palavrões os integrantes dos demais poderes que possam lhe criar obstáculos, principalmente o Judiciário. Bolsonaro só é Bolsonaro quando descumpre a palavra, quando comete as maiores barbaridades para no dia seguinte dizer que tudo não passou de desabafo feito no calor do momento.

Quando não está nem aí para os mortos da pandemia ("não sou coveiro, talkey?"). E aí tudo continua da mesma forma, até ele subir novamente o tom, atacar as instituições, por pra fora seus propósitos golpistas e fazer a roda continuar a girar a seu favor, junto aos seus apoiadores. Porque Bolsonaro, quando deixa de ser Bolsonaro, perde o apoio de sua militância, como aconteceu com o desapontamento gerado pela suavidade do tom contido na carta elaborada pelo ghost-writer Michel Temer. Ou fica completamente sem jeito quando tem de voltar atrás e   pedir aos caminhoneiros que desocupem as estradas porque o desabastecimento pode elevar a inflação. Ou quando é obrigado a trabalhar, como ele mesmo gosta de dizer, dentro das quatro linhas da Constituição. Porque ficar nas quatro linhas é para os outros e não para ele, não é mesmo?

A carta é conversa para fazer bovinos dormitarem 

Acreditar nas palavras da carta de Bolsotemer é de uma ingenuidade comovente. Nenhuma delas vale um tostão furado. Aposto um picolé como ainda esta semana ele voltará à carga e porá abaixo tudo o que prometeu. Porque Bolsonaro só é Bolsonaro quando é Bolsonaro, senão Bolsonaro não é Bolsonaro, ficou claro?

Quando o talibã estava próximo de invadir a capital Cabul e   concluir a retomada do Afeganistão, seus líderes, na tentativa de reduzir a reação internacional, adotaram um tom moderado. Prometeram respeitar as mulheres, não adotar as práticas terroristas do passado, garantir liberdade de imprensa e até anistiar adversários condenados. Não parecia nem que era o velho e conhecido talibã. Porque talibã que é talibã se comporta como talibã, talkey? Por isso, nem bem ocupou Cabul, e todas as promessas foram para debaixo do tapete persa.

Jairzinho Paz e Amor! Quá! 

Antonio Carlos Magalhães, o lendário soba baiano, senhor de baraço e cutelo, ficou conhecido como "Toninho Malvadeza" pela forma rude e violenta como tratava os adversários. Diante de tantas críticas, resolveu mudar o tom e disse que, no lugar do Toninho Malvadeza, seria agora conhecido como "Toninho Paz e Amor". A promessa não durou nem o tempo de o cuspe secar e  o velho ACM já estava fazendo o diabo com os adversários novamente. E voltando a ser "Toninho Malvadeza".

Tudo isso pela simples razão de que Antonio Carlos Magalhães só era ACM quando era Toninho Malvadeza. Assim como o talibã só é o talibã quando é o velho talibã. E Bolsonaro só é Bolsonaro quando é Bolsonaro, o desbocado, o fanfarrão, o arrogante etc.  Ao tentar deixar de ser Bolsonaro tornou-se um "frouxo", como reagiu aquele pastor do Acelera. Por isso mantenho a aposta: vale um picolé como voltará a ser o velho e repugnante Bolsonaro num curtíssimo espaço de tempo. Talvez no exato momento em que o leitor lê esta coluna já tenha voltado a ser o Bolsonaro nojento que a gente bem conhece. O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]. > Leia mais textos do autor
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