Menos "próxima geração", mais "encontro de gerações" na luta por justiça climática

Marina Silva, aos 64, Marina Helou, aos 35, e Amanda Costa, aos 26, sentadas lado a lado no dia 29 de junho. Três mulheres de diferentes gerações e trajetórias unidas para debater um tema e uma luta comum: o desenvolvimento sustentável.

A agenda socioambiental não é uma causa "da próxima geração". É da geração que já se foi, da geração presente e, infelizmente, da geração futura. De todos nós, independente de classe social, raça, gênero, sexualidade. A preservação do meio ambiente e a luta contra as mudanças climáticas é uma urgência que se estenderá.

Junho foi o mês do Meio Ambiente. Ironicamente, foi também o mês em que assistimos a diversos retrocessos socioambientais permitidos pelo Congresso Nacional. Tivemos que ir às ruas para lutar pelos direitos dos povos indígenas e por um futuro sustentável.

Neste mesmo mês reafirmamos: a luta socioambiental precisa ser colocada no centro da política. Não podemos descansar enquanto parlamentares estiverem dispostos a sacrificar o meio ambiente e os povos originários. Precisamos criar um movimento ambiental sólido no país para termos força e influência suficiente para sermos ouvidos.

Apesar de o mês ter sido repleto de desafios e momentos de muita preocupação, junho também serviu para fomentar os debates sobre os desastres ambientais devido à emergência climática e como eles atingem as pessoas de distintas maneiras em razão de nossas inaceitáveis desigualdades sociais.

No evento em que debatemos juntas, com pessoas engajadas na causa e movimentos organizados da sociedade civil, ecoou:

"Não dá mais pra falar de justiça climática sem falar sobre o combate às desigualdades sociais"

"Não racializar o debate climático é fomentar o racismo ambiental no Brasil"

"A luta por justiça climática passa pelo encontro de gerações".

Vimos que não dá mais para falar de meio ambiente sem trazer os temas de gênero e raça para o centro do debate. O mundo está mudando e estamos dispostas a ser protagonistas desta transformação. Mulheres pretas, indígenas, faveladas, ribeirinhas, marisqueiras. Mulheres que compõem a diversidade do nosso Brasil. Venham com a gente ser a mudança que queremos ver?

* Marina Helou é deputada estadual em São Paulo pela Rede Sustentabilidade

* Amanda Costa é ativista climática, jovem embaixadora da ONU e fundadora da Perifa Sustentável