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CRIME ORGANIZADO
Congresso em Foco
25/11/2025 14:17
O promotor de Justiça paulista Lincoln Gakiya, uma das principais autoridades do país no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC), fez um alerta contundente à CPI do Crime Organizado nesta terça-feira (25): se nada for feito, o Brasil corre o risco de se tornar um narcoestado.
"O Brasil caminha a passos largos para se tornar um narcoestado - se nada for feito", disse o promotor, ressaltando que o avanço das facções sobre a economia formal e a política já ameaça a capacidade de o Estado se sustentar sem a atuação do crime organizado.
Gakiya afirmou que, se não houver coordenação efetiva entre as instituições, ação integrada e fortalecimento da investigação financeira, o país poderá repetir o cenário vivido pela Colômbia na era de Pablo Escobar.
"Quando é que temos um narcoestado? Quando essas organizações começam a participar da economia formal, da vida política, dominam territórios e o Estado passa a depender delas para funcionar."
Organização mafiosa
Em sua exposição, Gakiya detalhou a estrutura do PCC, que classifica como uma organização mafiosa devido ao alto grau de profissionalização financeira, infiltração no setor privado e presença internacional.
Segundo ele, a facção atua hoje em todos os estados brasileiros, no Distrito Federal e em 28 países. É, nas palavras do promotor, a organização criminosa que mais cresce no mundo.
O PCC mantém relações comerciais com máfias europeias - como 'Ndrangheta e Camorra -, grupos do Leste Europeu, organizações africanas e facções sul-americanas.
PCC é "infinitamente maior" que o Trem de Aragua, diz Gakiya
Ao comparar o PCC com outras facções do continente, o promotor destacou que o Tren de Aragua (TDA) - facção venezuelana que se expandiu após a crise humanitária no país vizinho - é relevante na fronteira norte, mas não chega perto do poderio do grupo paulista.
"O Tren de Aragua é uma organização criminosa hoje infinitamente menor do que o PCC."
Segundo ele, o TDA opera rotas clandestinas em Roraima e mantém associação operacional com o PCC, mas sem qualquer equivalência em estrutura, finanças ou capacidade de expansão.
Gakiya também comentou a classificação norte-americana da Venezuela como "narco-Estado", dizendo que a definição usada pelo governo Donald Trump é mais política do que técnica. "Acho que a classificação do Trump é mais política e ideológica do que jurídica e doutrinária."
Ele afirmou que a Venezuela não produz cocaína, que os principais produtores são Colômbia, Peru e Bolívia e que o território venezuelano funciona como rota logística, não como centro de produção. "A Venezuela é um ponto de passagem importante, mas não é uma grande produtora de droga."
O promotor atribuiu boa parte da expansão do crime organizado à ausência prolongada do Estado, especialmente no sistema prisional e nas periferias. Segundo Gakiya:
Gakiya afirmou que o Brasil mantém um ambiente ideal para a expansão das facções por falhas de integração institucional, disputas corporativas e vácuos legais explorados por contadores, advogados e consultores contratados pelo crime.
Convidado pelo relator Alessandro Vieira (MDB-SE), Gakiya falou à CPI por mais de uma hora. A comissão investiga a infiltração de facções em setores econômicos e órgãos públicos.
O promotor, que investiga o PCC há mais de 20 anos, reforçou que o país ainda tem tempo para reagir - mas precisa agir imediatamente.
"Nós temos instituições capazes de fazer frente a isso. Mas a falta de coordenação e as disputas políticas têm atrapalhado. Se nada for feito, nós nos tornaremos, sim, um narcoestado."
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