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INDICAÇÕES
Congresso em Foco
5/12/2025 | Atualizado às 14:09
Ao longo de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já encaminhou ao Senado 16 indicações para tribunais superiores, órgãos de Estado e chefias institucionais, além da recondução à Procuradoria-Geral da República. Com exceção de uma rejeição todas passaram pelo crivo dos senadores.
Mais do que números, porém, as votações revelam o comportamento do Senado diante do governo: ora cooperativo, ora resistente; ora quase unânime, ora abertamente dividido. O conjunto forma um painel claro sobre como o Congresso tem reagido a cada escolha presidencial.
A análise das votações mostra que os senadores responderam às indicações de Lula com três tipos de comportamento, que se repetem ao longo do mandato.
Não há tendência clara de queda nas votações ao longo do tempo. Embora algumas indicações mais recentes tenham enfrentado margens menores, isso não configura um movimento linear de desgaste do governo. As votações variam conforme o perfil do indicado, o custo político da cadeira em disputa, e sobretudo o momento institucional.
Aprovações folgadas
Indicações predominantemente técnicas, com baixo atrito político, passaram com margens muito amplas, algumas beirando a unanimidade.
Os maiores placares de aprovação do mandato:
Essas sabatinas confirmam que o Senado tende a acolher nomes técnicos, de carreira sólida, pouco expostos politicamente.
Aprovações tensas
Outros nomes foram aprovados, mas com placares apertados, refletindo tensões políticas e resistência entre blocos partidários.
Exemplos claros:
São votações que concentram debates mais longos, articulação intensa e divisões ideológicas. Em comum, todas envolvem cargos de alta sensibilidade política - STF, PGR, DPU e cortes militares.
Casos excepcionais
O mandato registrou uma rejeição:
O nome rejeitado foi o do jurista Igor Roberto Albuquerque Roque, indicado para assumir a chefia da Defensoria Pública da União. Sua campanha enfrentou forte resistência da bancada de oposição e da Frente Parlamentar Evangélica, que se mobilizaram diante de declarações do candidato sobre direito ao aborto.
Veja os indicados de Lula por ordem de aprovação:
A indicação de Jorge Messias, porém, representa um nível diferente de resistência. O movimento revela duas dinâmicas simultâneas: a crescente autonomia do Senado e a disputa de influência.
O impasse também ocorre em um momento em que o Senado se afirma como contraponto ao Executivo - especialmente em temas como segurança pública, indicação de autoridades e projetos de impacto fiscal. A Casa que, em outros momentos, deu vitórias confortáveis ao governo, agora sinaliza que não aceitará perder o controle sobre a escolha dos nomes mais estratégicos da República.
O caso Messias, portanto, funciona como um ponto de inflexão. Ele não significa que o Senado se tornou hostil ao governo, já que a maioria dos indicados de Lula foi aprovada com margem expressiva. Mas indica que a aprovação deixou de ser automática. O Senado avalia o perfil, o momento político, a correlação de forças internas e, sobretudo, se a indicação fortalece ou enfraquece seu próprio papel institucional.
No conjunto, as sabatinas do mandato oferecem um retrato claro: Lula tem conseguido aprovar seus quadros, mas enfrenta um Senado mais autônomo, mais politizado e disposto a exercer plenamente seu poder de veto. A resistência ao nome de Jorge Messias não é exceção isolada: é o sinal mais visível de que o ambiente político mudou - e de que, nas indicações mais sensíveis, o Planalto não controla sozinho o tabuleiro.
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