O Ministério Público Federal de Minas Gerais ofereceu esta semana três denúncias contra acusados no escândalo do mensalão mineiro – suposto desvio de R$ 3,5 milhões do governo de Minas Gerais para abastecer a campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998.
As ações são a continuidade daquela em que o procurador geral da República, Antônio Fernando de Souza, pediu a condenação dos suspeitos que têm direito
a foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF), como o hoje senador Azeredo e o ex-ministro das Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia. Diz o Ministério Público que o esquema funcionou como experiência para o mensalão no Congresso Nacional, entre 2003 e 2005.
Os procuradores da República sustentam que as empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza firmavam contratos superfaturados com o governo estadual. Com esses documentos, as agências de comunicação conseguiam empréstimos bancários, que eram repassados à campanha de Azeredo e seu candidato a vice, Clésio Andrade. Segundo o MPF, Walfrido era o coordenador informal da campanha e o responsável pela movimentação financeira.
Ao todo, as três denúncias acusam Marcos Valério e mais 26 pessoas. Apontam que o publicitário cometeu corrupção ativa, lavagem de dinheiro e indução a erro de instituição financeira. Se for condenado às penas máximas previstas para esses crimes, Valério passará 28 anos na prisão.
Suborno
A primeira denúncia diz que a empresa de publicidade SMP&B Comunicação pagou mais de R$ 300 mil para o ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Rogério Lanza Tolentino favorecer Azeredo e Clésio.
Em outra denúncia, o MPF diz que Valério e seu sócio na empresa, Cristiano de Mello e Paz, prestaram informações falsas sobre um empréstimo tomado no Banco Rural. “O empréstimo era mais um dos vários contratos celebrados com o Banco Rural para movimentar os recursos da campanha eleitoral”, diz comunicado da Procuradoria da República em Minas.
Uma terceira ação afirma que 24 dirigentes do Banco Rural cometeram gestão fraudulenta, gestão temerária e lavagem de dinheiro. “Entre os denunciados, estão cinco integrantes da atual diretoria do banco (Kátia Rabelo, Plauto Gouvêa, João Heraldo dos Santos Lima, José Roberto Salgado e Mauro Pereira Gomes), além de ex-dirigentes.”
Denunciado ao STF no ano passado, Walfrido dos Mares Guia perdeu o cargo de ministro das Relações Institucionais da Presidência da República. Também denunciado, Eduardo Azeredo continua no cargo de senador. (Eduardo Militão)