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Desconfiança no Congresso: a crise de credibilidade continua

Cenário aponta para um desgaste contínuo da relação entre eleitos e eleitores.

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Carolina de Paula

Carolina de Paula

18/2/2025 16:55

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Pesquisa recente da AtlasIntel aponta que 50% dos brasileiros não confiam no governo federal. O levantamento, realizado entre os dias 11 e 13 de fevereiro com 817 entrevistados, revelou também que 82% não confiam no Congresso Nacional e 47% não confiam no Supremo Tribunal Federal (STF). Com margem de erro de três pontos percentuais e grau de confiança de 95%, os dados reforçam um padrão persistente de desconfiança institucional no Brasil.

Congresso Nacional visto de janela do Planalto estilhaçada por participantes do 8 de janeiro de 2023

Congresso Nacional visto de janela do Planalto estilhaçada por participantes do 8 de janeiro de 2023Leonardo Sá/Agência Senado

O conceito de "confiança" utilizado em pesquisas de opinião, no entanto, merece ser analisado com cautela. Em comparação, o Datafolha divulgou em abril de 2024 que a avaliação do Congresso Nacional atingiu sua melhor marca desde 2003, com 22% dos entrevistados considerando o desempenho da instituição ótimo ou bom. Os índices de "regular" subiram para 53%, enquanto a reprovação caiu para 23%. Apesar desses números, a percepção de confiança no Congresso continua em declínio. Quando questionados especificamente sobre confiança na instituição, 40% dos entrevistados afirmaram não confiar no Congresso Nacional.

A diferença entre os termos utilizados pode impactar diretamente as respostas dos entrevistados. "Confiança" carrega um peso subjetivo maior, remetendo a uma relação de credibilidade e previsibilidade. Já a avaliação por meio de "ótimo/bom" ou "ruim/péssimo" pode ser mais circunstancial, vinculada a eventos recentes e percepções momentâneas do desempenho institucional. Afora essa importante distinção conceitual é correto afirmar que há elementos estruturais que contribuem para o aprofundamento da crise de credibilidade do Congresso. Um dos principais fatores é o protagonismo de parlamentares em uma política de exibicionismo, especialmente voltada para as redes sociais, tema tratado recentemente aqui. Plenário e comissões, antes espaços centrais de debates legislativos, têm sido palco de discursos inflamados e ações performáticas destinadas à viralização digital, muitas vezes sem impacto real na formulação de políticas públicas.

Essa dinâmica de "agenda para a plateia" desloca o foco do trabalho legislativo para a construção de narrativas que engajem bases eleitorais segmentadas. Parlamentares de diferentes espectros políticos apostam em estratégias de polarização e embates midiáticos para se manterem em evidência, reduzindo o espaço para debates técnicos e negociações produtivas. Esse fenômeno é ainda mais evidente entre os novos eleitos, que frequentemente atacam a política tradicional como forma de se diferenciar e manter o apoio de eleitores insatisfeitos com o sistema político.

A desconfiança crescente nas instituições legislativas também pode ser compreendida à luz das mudanças na relação entre eleitores e parlamentares. O conceito de "nova política" emergiu em um cenário de crise da democracia representativa, alimentando a rejeição à figura do político tradicional. No Brasil, essa aversão se concentrou no Congresso Nacional, frequentemente associado a privilégios, ineficiência e corrupção. O ápice foi a eleição de 2018, quando o índice de renovação na Câmara dos Deputados bateu 47,37%, foi a maior renovação desde a eleição da Assembleia Constituinte, em 1986.

Pesquisas anteriores mostravam que grande parte do eleitorado desconhecia as funções essenciais do Legislativo e suas responsabilidades, enxergando deputados e senadores mais como prestadores de serviços regionais do que como formuladores de políticas nacionais. Com a ascensão das redes sociais, essa dinâmica se transformou em um modelo de campanha permanente, no qual parlamentares investem na superexposição digital para manter sua relevância. A busca incessante por viralização e engajamento reforça a superficialidade do debate público e acentua a percepção de que o Congresso opera mais como um palco do que como uma 'Casa para legislar.

O futuro dessa relação entre eleitores e representantes ainda é incerto. Se, por um lado, a estratégia de exposição midiática tem garantido sucesso eleitoral para alguns parlamentares, por outro, o estado constante de indignação do eleitorado pode gerar novas surpresas. A confiança no Congresso segue fragilizada e, em vez de uma recuperação da credibilidade, o cenário aponta para um desgaste contínuo da relação entre eleitos e eleitores. A mudança estrutural na forma como a política é feita e comunicada impõe desafios significativos à reconstrução da confiança institucional no Brasil.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]

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