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Com nova ofensiva tarifária, EUA de Trump tensionam mercados, afetam o Brasil e desafiam o sistema internacional.

Luiz Carlos Mendonça de Barros

Luiz Carlos Mendonça de Barros

14/7/2025 10:17

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Donald Trump voltou à presidência dos Estados Unidos com uma agenda econômica agressiva, marcada por um protecionismo radical e pela promessa de corrigir o que considera "desequilíbrios históricos" provocados pela globalização. Em um movimento que surpreendeu até mesmo aliados históricos, o presidente americano lançou um novo pacote de tarifas que ameaça redesenhar os fluxos do comércio global.

Trump enviou fora dos canais diplomáticos tradicionais cartas aos governos de 14 países, incluindo Japão, Coreia do Sul e Brasil - este último, um dos poucos com quem os EUA ainda mantêm superávit comercial. A ameaça: impor uma tarifa adicional de até 50% sobre produtos importados.

Trump usa tarifas como arma política e ameaça Brasil.

Trump usa tarifas como arma política e ameaça Brasil.Daniel Torok/Casa Branca

Entre as principais medidas anunciadas, estão:

  • Tarifas extras de 25% a partir de 1º de agosto sobre uma ampla gama de produtos;
  • Aumento para 50% nas tarifas sobre commodities como cobre, aço e alumínio;
  • Tributação de até 200% sobre medicamentos importados que competem com a indústria farmacêutica local;
  • Um elemento inédito: condicionar medidas tarifárias ao arquivamento, pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, do processo de inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro - uma interferência direta nos assuntos internos de outro país.

Por que os mercados ainda não reagiram negativamente como aconteceu em abril?

Apesar da magnitude das ameaças, os mercados financeiros globais têm demonstrado uma calma intrigante. Diferente de abril, quando rumores sobre tarifas provocaram um tombo de quase 20% nas bolsas mundiais, a reação atual tem sido contida. Três explicações são recorrentes entre os investidores:

  1. Trump estaria mais uma vez blefando - como já fez antes, usando o anúncio como alavanca para renegociar acordos;
  2. Impacto até agora limitado - as tarifas anteriores não causaram danos profundos às economias envolvidas;
  3. Esperança de recuo - se a economia americana sofrer, Trump pode ser forçado a retroceder.

Mas essa tranquilidade pode ser ilusória. Os dados mostram que a nova política já está em curso - e seus efeitos se acumulam.

Os números por trás da nova ofensiva tarifária de Trump

A retórica protecionista já se traduz em números expressivos:

  • A tarifa média de importação saltou de 2,5% em 2023 para 10% em 2025, com projeção de atingir até 17% com as novas medidas;
  • A arrecadação com tarifas ultrapassou US$ 113 bilhões até maio, um aumento de 86% em relação ao mesmo período de 2024;
  • Paralelamente, o Tesouro americano já pagou US$ 749 bilhões em juros, refletindo o peso crescente da dívida pública.

Trump parece adotar uma lógica direta: usar tarifas como fonte de financiamento para os juros da dívida e contenção dos déficits fiscais, que devem ultrapassar 125% do PIB até 2034. No entanto, essa estratégia ignora as consequências externas - e internas - desse movimento.

Os efeitos colaterais já começaram a atingir a economia americana

Mesmo antes da implementação total das novas tarifas, os sinais de impacto na economia americana são visíveis:

  • Consumo em desaceleração e vendas no varejo em queda;
  • A previsão de crescimento do PIB em 2025 é a metade do observado em 2024;
  • Empresas americanas absorvem os custos das tarifas para proteger preços ao consumidor - uma estratégia que não é sustentável a longo prazo;
  • A inflação tende a ultrapassar 3% até o fim do ano, segundo analistas.

A armadilha da geoeconomia

Esperar que Trump recue com base no risco econômico pode ser um erro estratégico. Se os mercados não reagirem negativamente, nada impedirá a intensificação das medidas tarifárias. E isso pode desencadear uma espiral de retaliações:

  • Países atingidos, pressionados internamente, podem contra-atacar com sanções e barreiras próprias, acelerando o conflito entre as maiores economias;
  • O mundo mergulharia numa nova fase chamada por muitos analistas de geoeconomia - onde o comércio internacional é convertido em instrumento de guerra estratégica entre os países mais poderosos do mundo.

Inspirado por teóricos como Paul Tucker, esse conceito resgatado dos anos 1990 mescla conflito político, militar e econômico. A lógica: usar tarifas, regulações e restrições comerciais como armas para consolidar poder nacional. A política externa de Trump parece seguir essa cartilha ao pé da letra.

Uma calmaria enganosa

A escalada tarifária ainda não provocou uma crise global - mas está corroendo gradualmente a saúde econômica americana e tensionando o sistema internacional. Com a dívida pública americana projetada para superar 120% do PIB já em 2032, conforme alertam diversos institutos de pesquisa fiscal, o risco de uma crise de confiança no dólar - base das transações comerciais e financeiras mundiais - é real.

A atual calmaria dos mercados pode ser apenas o prenúncio de uma tempestade. Em um mundo onde o comércio virou arma e os interesses nacionais prevalecem sobre acordos multilaterais, a pergunta que resta é: quem estará preparado para o próximo choque?


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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EUA tarifas comércio internacional trump Protecionismo
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