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Trump e a direita radical ideológica (parte 2)

Ricardo de João Braga

Ricardo de João Braga

2/11/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 16:57

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Donald Trump, presidente dos EUA. [fotografo]NASA / Aubrey Gemignani [/fotografo]

Donald Trump, presidente dos EUA. [fotografo]NASA / Aubrey Gemignani [/fotografo]
Na parte 1 deste artigo discutimos as forças sociais que sustentam e dão oportunidade à ascensão dos movimentos políticos de direita radical ideológica. Destacamos que muita reflexão já se deu sobre as causas desses movimentos, suas condições de oportunidade e os riscos que trouxeram para a democracia. >Trump e a direita radical ideológica (parte 1) Apontamos também que contrariamente à atenção dada ao sucesso eleitoral dos expoentes do movimento, pouco tinha sido discutido sobre a forma como esses governos têm funcionado: sua lógica de ação, objetivos, estratégias. Aqui, avançaremos um pouco sobre esse segundo ponto. Mas, se preferir, você pode voltar duas casas e ler antes a primeira parte deste artigo. Logo de partida dois elementos devem marcar a reflexão. O primeiro se refere ao sistema de governo e o segundo ao grau de desenvolvimento de cada nação. Sistema de governo e desenvolvimento nacional Governos parlamentaristas como o húngaro e em certa medida o polonês (que tem um presidente forte) dão ampla margem de manobra aos vitoriosos em eleições, pois, por definição, chega-se ao governo com uma maioria de apoios no Legislativo. Os casos presidencialistas norte-americano e principalmente o brasileiro diferem, pois seus presidentes podem ser, e no caso brasileiro efetivamente são, minoritários no Congresso. Essa configuração diminui a capacidade dos líderes de direita avançarem suas agendas. De fato, Hungria e Polônia realizaram modificações institucionais profundas, como na composição do Judiciário e de outros órgãos estatais, com vistas a favorecer o governo de plantão. Nos presidencialismos tais mudanças encontram mais resistência. O grau de desenvolvimento de cada nação se reflete no nível de autonomia e de automatismo da máquina do Estado e da sua capacidade de realizar a contento suas funções. Da mesma forma, as carências sociais podem ser maiores ou menores, a depender do nível de renda, educação e serviços públicos já alcançado pelo país. Em um grupo podemos colocar os governos de direita europeus que lidam com sociedades mais desenvolvidas e arranjos políticos em que as lideranças detêm mais poder concentrado. Em outro, os presidencialismos de Brasil e EUA, nos quais os presidentes compõem um jogo de forças em que é preciso conquistar apoio do Congresso. Considerando o grau de desenvolvimento, dentro deste segundo grupo Brasil e EUA diferenciam-se pela muito maior precariedade dos serviços públicos brasileiros, seu Estado de Direito mais frágil, pela economia menos dinâmica e internacionalmente dependente e pelas maiores carências de uma sociedade mais pobre. O modo Bolsonaro de não governar Como discutido na parte 1 deste artigo, a direita radical ideológica beneficiou-se dos canais de discurso e também de ideias mobilizadoras que se reproduziram de forma similar em vários países, dando ensejo a campanhas eleitorais vencedores. Contudo, as condições de cada governo e as necessidades de cada país diferem bastante, o que leva a situações distintas. A análise desse quadro global ilumina o profundo desequilíbrio do governo Bolsonaro, forte na comunicação e frágil nas ações e realizações. Bolsonaro teve uma campanha eleitoral vitoriosa, mas ao assumir a Presidência da República não conquistou um poder institucional tão efetivo como o dos governos parlamentaristas, nem um Estado e um país com níveis similares de desenvolvimento. As carências brasileiras são muito mais prementes. Excepcionados os anseios dos antipetistas, satisfeitos apenas pela derrota de Lula/Haddad, e dos moralistas, inebriados com profissões de fé postiças, tudo o mais que os outros eleitores esperavam de Bolsonaro exigia profundas transformações do Estado e da sociedade, como o combate à corrupção e um ambiente econômico mais favorável à iniciativa privada, para ficar no mínimo. Como aponta o professor Marcos Nobre (Ponto Final, Editora Todavia, 2020), Bolsonaro sempre se colocou como desconectado de seu governo e irresponsável pelas suas ações e inações. Ele dividiu os órgãos e áreas de ação pública em feudos que funcionam isoladamente e sobre os quais ele, presidente, não arbitra conflitos em busca de um objetivo comum. Ao contrário, apenas veta ações pontuais que prejudiquem seus pontos sensíveis - oriundos de suas bases mais radicais com quem mantém comunicação intensa pelas redes sociais. Em outras palavras, ele não governa. Segundo a visão do professor Nobre, Bolsonaro  parasita uma administração pública e uma economia que devem funcionar apesar dele. Dados os primeiros 22 meses de governo, em que o único destaque positivo foi a reforma da Previdência realizada de fato pelo Congresso, é difícil discordar do argumento. Bolsonaro apenas aproveita-se de oportunidades de posicionamento de imagem para cacifar-se junto ao seu eleitorado, e nada mais. Não há coordenação da gestão ou articulação política. O parasitismo de Donald Trump Se tomarmos o governo Trump, alguns pontos definidores revelam a mesma lógica de parasitismo e de falta de projeto político transformador. Discursivamente, ele insiste em se apresentar como um "não político de Washington". Suas opções para áreas centrais e relevantes para o futuro foram desacreditar a economia verde, apoiar petróleo e derivados, dificultar o comércio internacional e retirar fundos de ciência e tecnologia. Trump e Bolsonaro não querem "incomodar" a sociedade com transformações, por isso seus governos são de poucas ações além do cosmético ou do reacionário. Trump cavalga uma economia que lentamente perde posições e ativos estratégicos, mas que crescia numa média superior a 2% ao ano. Bolsonaro via uma lenta retomada econômica, não se indispunha com o eleitorado com reformas impopulares e alimentava diariamente seu fã-clube ideologicamente radical. Trump e a eleição nos EUA A covid-19, elemento transformador, exigiu ação como resposta, ao que ambos os presidentes não conseguiram reagir à altura. Similarmente, ambos protegeram-se por trás de teorias conspiratórias e exercícios de eufemismo. A realidade, contudo, impôs-se com o gravíssimo problema de saúde pública e os impactos econômicos. Agora Trump será julgado pelo seu simbolismo e também pelos sucessos e fracassos de seu governo. Ele vinha queimando ativos e oportunidades estratégicas em vista de ganhos de curto prazo e cavalgava uma economia razoavelmente dinâmica. O covid-19 lhe fez refugar o cavalo na reta final e sua queda pode se dar dia 3 de novembro. Bolsonaro, por sua vez, na cabeça de um governo com gravíssimos problemas fiscais e reformas empacadas, aproveitou-se dos créditos extraordinários autorizados em virtude da pandemia para turbinar um popular programa de distribuição de renda. Do que seus eleitores esperavam em janeiro de 2019, quase tudo foi abandonado; contudo, substituiu-se o apoio popular com um sucesso temporário, apoiado nos beneficiários do auxílio emergencial. A eleição de Trump coloca à prova os governos de direita radical ideológica em seu todo, sua simbologia e também suas realizações. O desfecho eleitoral certamente servirá como luz para o futuro de vários países, em especial o Brasil. Pode ser que o eleitorado esteja satisfeito com poucas ações, imobilismo e afagos ao reacionarismo. Mas pode ser que as mudanças inexoráveis desnudem o fracasso de governos imóveis e reacionários. *Ricardo de João Braga, economista e doutor em Ciência Política, é coautor do Farol Político, análise semanal de cenários produzida pela Unidade de Inteligência do Congresso em Foco.  > Veja a primeira parte deste artigo  Do mesmo autor:  > Trump, Bolsonaro e a autocrítica que a esquerda não fez  > A morte que move o Brasil  
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