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Ricardo de João Braga
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Farol Político
29/10/2021 | Atualizado às 12:27
| A ideia em um segundo Questionados sobre se os poderes exorbitam de suas atribuições constitucionais, congressistas isentaram a si próprios e, ao contrário, apresentaram fortes críticas aos seus colegas de Praça dos Três Poderes. Tanto o Executivo quanto o Judiciário rondam os 50% de crítica. Para cerca de metade dos deputados e senadores entrevistados, Executivo e Judiciário atuam além de suas prerrogativas. Tal quadro reflete o embate mais forte entre a oposição e o presidente Bolsonaro e uma crítica generalizada na Câmara dos Deputados ao Judiciário. Um bônus da análise é a luz que lança sobre dois assuntos ainda quentes: a (im)possível nomeação de André Mendonça ao STF e o destino da PEC que altera as regras de controle sobre o Ministério Público. |
"Eu não, mas o fulano..." Parlamentares não enxergam exorbitância nos atos do Legislativo, mas apontam o dedo para o Executivo e o Judiciário. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)[/caption]
Este Farol é o quarto da série que explora os achados da rodada de setembro do Painel do Poder, survey conduzido pelo Congresso em Foco Análise trimestralmente junto a cerca de 70 lideranças do Congresso Nacional.
Nas semanas passadas, apresentamos aos leitores dados e análises sobre as possibilidades de impeachment do presidente Bolsonaro e o apoio e as chances de aprovação das reformas administrativa e tributária. Agora, abordaremos a crise entre os poderes, a partir do olhar dos parlamentares. Conclusões interessantes podem ser tiradas sobre o destino de André Mendonça em sua ainda possível condução ao STF, e ao futuro da PEC que muda as regras de controle sobre o Ministério Público (PEC 5/21).
| Exorbita? | Legislativo | Executivo | Judiciário |
| Não | 87,5% | 50,0% | 41,7% |
| Sim | 6,9% | 47,2% | 52,8% |
| NS/NR | 5,6% | 2,8% | 5,6% |
| Total | 100,0% | 100,0% | 100,0% |
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Mas o povo pensa que... Em que se pese a autoavaliação extremamente positiva que os congressistas se atribuíram, quando se trata de avaliar o nível de confiança da população nas instituições, esses se saem pior do que os outros dois poderes.
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Visão de exorbitância do poder Executivo é maior nas oposições, que organiza atos de protesto contra o governo e pelo impeachment de Jair Bolsonaro (Foto: Mídia Ninja)[/caption]
A avaliação do poder Judiciário já se mostra mais interessante. Se a crítica ao poder Executivo se alinha fortemente ao embate clássico dos poderes políticos ativos, Executivo e Legislativo, os quais disputam eleições e criam coalizões, a avaliação do Judiciário deve-se a outro rol de fenômenos.
O gráfico a seguir mostra que a crítica ao Judiciário é majoritária na base e entre os independentes: 64,7% dos primeiros e 58,6% dos segundos entendem que o Judiciário exorbita de suas atribuições constitucionais.
No caso da oposição - que tem visto o STF opor-se a muitas políticas de Bolsonaro e assim colabora com seus objetivos de contrastar o presidente - a crítica não é majoritária, contudo, atinge valores ainda altos, pois 38,5% dos oposicionistas entendem que o Judiciário exorbita de suas atribuições constitucionais. Neste último caso provavelmente trata-se de rescaldos da Lava Jato.
A divisão entre deputados federais e senadores ganha muito significado na crítica ao Judiciário. Na Câmara dos Deputados, ampla maioria condena "práticas exorbitantes" dos magistrados, enquanto no Senado Federal, embora haja crítica, a maioria dos senadores entende que o Judiciário não exorbita de suas funções constitucionais.
Enquanto 75,0% dos deputados da base, 60,0% dos independentes e 47,4% dos oposicionistas apontam a exorbitância dos ministros e juízes, no Senado o clima é bastante mais ameno: 40,0% dos membros da base na casa, 55,6% dos independentes e apenas 14,3% dos oposicionistas criticam o Judiciário.
[caption id="attachment_521456" align="aligncenter" width="1111"]
Problemas de André Mendonça parecem mais pendenga pessoal com Davi Alcolumbre do que oposição generalizada do Senado (Foto: Isaac Nóbrega/PR)[/caption]
Os números nos permitem avançar duas constatações "quentes".
A postura mais favorável ao Judiciário no Senado permite inferir, como tem-se visto na crônica política, que o grande obstáculo à nomeação de André Mendonça para o STF seja realmente localizado, um voo solo do presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Parece-nos que os senadores não vêem razão para beligerância com o Judiciário.
De fato, o Painel do Poder também questionou os senadores sobre as chances de aprovação do nome de André Mendonça para o STF e o resultado foi favorável a ele, conforme se vê no gráfico abaixo. Para a maioria, as chances de aprovação são superiores a 3, a média na escala 1 a 5.
[caption id="attachment_521457" align="aligncenter" width="1211"]
Nota metodológica: O "gráfico de caixa" lê-se da seguinte forma. O lado inferior da caixa limita abaixo as 25% piores notas. A linha horizontal no meio da caixa, as 50% (trata-se da mediana) e a linha superior, as 75% piores notas. Estão presentes também no gráfico a dispersão das notas (coloridas) sobrepostas às caixas.[/caption]
Em suma, André Mendonça ainda pode acalentar alguma esperança na aprovação, embora Alcolumbre deva estar avaliando com lupa as condições para sua rejeição.
A segunda conclusão "quente" refere-se à PEC que modifica as condições de controle do Ministério Público e a composição do seu Conselho. Objeto de forte embate político na Câmara.
De toda forma, a crítica acerba que leva à busca de maior controle sobre o Ministério Público parece não se mostrar com a mesma intensidade no Senado Federal, isto se considerarmos que a relação do Poder Legislativo com o Judiciário, conforme temos inferido aqui na pesquisa, também se estenda qualitativamente ao Ministério Público.
Assim, os membros do Ministério Público e os que defendem a PEC devem ter clareza que se trata de uma luta com dois rounds distintos, um na Câmara e outro no Senado.
TERMÔMETRO
| CHAPA QUENTE | GELADEIRA |
| Da reunião do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, que acontece este fim de semana em Roma, na Itália, a grande maioria dos líderes seguirá para Glasgow, na Escócia, onde acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a Cop26. Esse, porém, não será o roteiro do presidente Jair Bolsonaro. O presidente sabe que, caso fosse a Glasgow, se tornaria ali o alvo preferencial das demais nações por suas posições ambientais. Ausente à Cop ou não, a pressão sobre Bolsonaro, porém, aumentará, especialmente depois de ter se tornado o primeiro líder mundial diretamente responsabilizado por integrantes de um dos poderes do seu país pelo agravamento da covid-19. |
Bolsonaro levou a tiracolo para Roma seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Depois da crise da semana passada, quando quatro auxiliares de alto escalão do Ministério da Economia pediram demissão, Guedes permaneceu no cargo. Mas o ministro não é hoje nem sombra do que prometia ser no início do governo. Falta a essa altura combustível no Posto Ipiranga, mesmo que seja a R$ 7 o litro. Quem permanece na Esplanada dos Ministérios é um Paulo Guedes rendido à lógica do Centrão, que aceita furar o teto de gastos para pagar milhões de emendas ao orçamento. Seus professores da Escola de Chicago certamente devem estar corados... |
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