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justiça
Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Edson Sardinha
20/5/2024 | Atualizado 21/5/2024 às 16:52
Valério Luiz foi morto a tiros quando tinha 49 anos. Foto: Arquivo pessoal[/caption]
A defesa de Mauricio Sampaio defendia a nulidade de todo o processo devido à realização de um depoimento prestado por Marcus Vinicius em 2015, alegando que o procedimento foi realizado sem a intimação dos demais réus e seus defensores. Se a tese prosperasse, todo o processo do caso Valério Luiz seria anulado e voltaria à estaca zero, 12 anos após o crime.
A 5ª Turma, no entanto, referendou a decisão da ministra Daniela Teixeira que, em abril, concluiu que os réus tiveram a oportunidade de contestar o ato, mas não o fizeram. Na ocasião, Daniela reviu seu próprio ato de fevereiro, ocasião em que aceitou o recurso e anulou o processo envolvendo os acusados do caso. Inicialmente, ela entendeu que o depoimento de Marcus Vinicius havia sido obtido de maneira ilegal.
Depois de analisar os argumentos do Ministério Público, Daniela apresentou reconsideração. Segundo ela, a defesa do empresário sequer questionou o uso das declarações de Marcus Vinicius na sessão plenária do julgamento. "O habeas corpus perdeu seu objeto, uma vez que não impugnada a prova no momento mais importante, qual seja, a sessão plenária de julgamento. Esbarra o pleito de nulidade, portanto, na pacífica jurisprudência desta corte, que aponta a preclusão de matérias não arguidas tempestivamente no rito especial do júri", argumentou a ministra. Ela ressaltou que a defesa dos réus teve, ainda, outras oportunidades para questionar o depoimento de Marcus Vinicius, mas não o fez.
A manifestação da acusação, no julgamento desta terça-feira, foi feita pelo advogado Valério Luiz de Oliveira Filho, filho da vítima, que atua como assistente do Ministério Público no caso.
Valério Filho disse ao Congresso em Foco que a decisão do STJ serve de conforto, ainda que nada seja capaz de botar um ponto-final final nessa história. "Depois de uma espécie de noite de 12 anos, a gente começa a ver um amanhecer de novo, uma esperança firme de que esse longo processo está chegando ao final. Não é um final feliz, porque nada disso é feliz. Mas um resultado justo e digno, que é o que nos resta a fazer, dado o que aconteceu. Mesmo na tragédia, dá certo conforto para nós", disse o advogado e filho da vítima. "Quero agradecer também aos ministros, principalmente a ministra Daniela Teixeira, por terem me permitido manifestar dentro dos autos e da sustentação oral", complementou.
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Valério Luiz Filho: julgamento representa marco civilizatório para crimes contra profissionais da imprensa. Foto: Gusthavo Crispim/TJGO[/caption]
Em artigo publicado nesta segunda-feira com exclusividade pelo Congresso em Foco, Valério Luiz Filho faz um histórico do caso, desde o assassinato do pai até a expectativa pelo julgamento do habeas corpus. Para ele, o julgamento desse caso representa um marco civilizatório para os crimes contra profissionais de imprensa.
"Quem precisa dos direitos humanos? Quantos são os pobres, violentados, pedindo a responsabilização penal de agentes de Estado? Se o caso Valério, no qual sobejam provas materiais e brutalidade gratuita, passou por todos os percalços narrados, significa que alguns privilegiados em nosso país estão tacitamente autorizados a matar. Para mim, no entanto, esse mal jamais será banal. Meu trabalho é presentificar, à consciência dos julgadores, os espíritos do meu pai e do meu avô. Eles são os meus clientes. Visitam-nos à noite e apresentam seus pleitos. Pedem que os deixemos, finalmente, descansar em paz", escreveu (leia a íntegra do artigo).
Titular de um dos maiores cartórios de Goiás desde 1998, Maurício Sampaio foi afastado do tabelionato em 2013 em meio a uma ação popular apresentada por Valério Luiz Filho e uma ação civil pública do Ministério Público. Ele perdeu a titularidade do cartório, que foi assumido por um concursado. O empresário era vice-presidente do Atlético Clube Goianiense na época do crime. Segundo a acusação, ele mandou matar Valério Luiz pelas críticas dirigidas pelo radialista, que era atleticano, à sua gestão. Mesmo após as acusações, Sampaio viraria, entre 2015 e 2018, presidente do clube, atualmente na Série A do Brasileirão.
Os quatro réus foram condenados pelo tribunal do júri em Goiânia em 9 de novembro de 2022. As respectivas defesas entraram com recurso no Tribunal de Justiça de Goiás. As condenações foram anuladas em fevereiro deste ano pelo STJ, a pedido de Maurício Sampaio. Em 12 de abril, a ministra reconsiderou sua decisão e rejeitou o habeas corpus dado a Sampaio. O TJ-GO, então, retomou o julgamento e, em 23 de abril, confirmou a condenação dos quatro réus.
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