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Beth Veloso
Beth Veloso
25/2/2017 9:10
[fotografo]ABr[/fotografo][/caption]O que aflige cada vez mais no mundo da comunicação, porém, não está do lado de dentro do sistema. A comunicação é ótima, com todos os seus problemas. O difícil é aceitar que viramos alvo de bandidos, onde quer que estejamos. Em algumas cidades a portabilidade do celular é apenas em quatro paredes. Foi assim em Salvador, por exemplo. Usar o telefone na rua é um ato de coragem, pois a chance de você ser roubado é quase total. Coragem mesmo tem os pais que presenteiam seus demandantes filhotes com celulares de última linha! Aí eu pergunto: você cobriria o seu filho de ouro para sair na rua, no Brasil, com esses altos índices de violência?
O celular é objeto de volúpia e o primeiro item a ser procurado hoje pelos ladrões, ao lado do tablete e do computador. Eu recomendei ao meu filho: nada de falar ao celular no ônibus, nem andar com headphone na rua, nem usar o aparelho no caminho da escola. Esse é o trajeto favorito dos bandidos que não distinguem entre o estudante ou o trabalhador. O que eles querem é o seu telefone, e todos nós viramos alvos ambulantes da coqueluche que assaltou todo o planeta.
Imagine como seria sair com um maço de R$ 6 mil na mão. Ninguém faria isso em sã consciência, mas é isso que o celular é: uma joia da coroa que nos deixa vulneráveis e coloca nossa vida por um fio. Não o fio do telefone, mas o da impossibilidade de vivermos seguros em meio a tanta desigualdade social.
Outro dia levei minha empregada ao IML para pegar o obituário do filho de 17 anos, morto na periferia. O objetivo do roubo com morte: o celular. Meu filho me chama de paranoica porque quero dar a ele o celular do ladrão: sem dados, sem 3G, nada disso. Apenas um telefone de R$ 10. Eu chamo de loucos os pais que dão ao seu filho uma Ferrari em forma de celular. E lamento que a telefonia, que nos libertou, esteja nos aprisionando na gaiola do medo de ser assaltados e mortos a qualquer momento, porque o telefone tornou-se a maior commodity do século 21.
Nem o celular, nem a vida são brinquedos. Que a gente pare para olhar primeiro a segurança de nossas crianças, depois a diversão.
Mas se você não concorda ou quer comentar, escreva para nós: [email protected]
Coluna produzida originalmente para o programa Papo de Futuro, da Rádio Câmara. Pode haver diferença entre o áudio e o texto.
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