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Ricardo de João Braga
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24/6/2022 | Atualizado às 11:40
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A ideia em um segundo O eleitor racional é um mito. Processos eleitorais são guiados, cada vez mais, por fake news, demagogia e adesões irrefletidas a determinados candidatos ou partidos. Essa configuração torna difícil o acerto de previsões dos resultados eleitorais. |
Economia tende a afetar o resultado eleitoral, particularmente quando a economia se torna um dos principais temas no momento da campanha. Foto: EBC[/caption]
Não bastasse o fenômeno da irracionalidade, há que se considerar a prevalência de vieses a distorcer o processo cognitivo e decisório dos eleitores. As fake news, por exemplo, cumprem um importante papel nesse sentido, fazendo com que o eleitor não seja somente irracional, mas irracional do modo certo.
As pessoas precisam da estrutura de seu sistema de crenças. É nele que encontram segurança - funcionam como um atalho, menos custoso, em termos cognitivos, do que se empenhar a sério em um esforço para compreender o mundo. Não há enganadores se não houver pessoas dispostas a serem enganadas - a ilusão persiste porque é necessária.
As pessoas querem que suas respostas pessoais estejam corretas. Elas normalmente querem isso com tanta intensidade que evitam qualquer contraevidência e se recusam a pensar sobre quaisquer evidências que lhes sejam apresentadas. Esse viés de confirmação, no campo da política, nos leva a considerar que os eleitores vão estar no seu pior comportamento cognitivo - demonstrarão ausência de espírito crítico, irritabilidade, credulidade e busca de respostas simples para questões complexas.
Contra fatos, todos os argumentos
Um exemplo prático.
A tabela apresenta somente fatos objetivos. Sua apresentação, contudo, desperta uma série de reações nos eleitores que já fizeram suas escolhas. Exageros tanto para o que os dados significam de "retrocesso" para o país quanto para o que eles possam nada significar, ou, preferivelmente, significar algo que não possa, de qualquer modo, ser debitado a determinado candidato.
A economia tende a afetar o resultado eleitoral, particularmente quando a economia se torna um dos principais temas no momento da campanha, como é o caso brasileiro presente. Portanto, fosse o eleitor racional, o resultado da eleição já estaria dado. Não é assim, entretanto, justamente por conta do elemento de irracionalidade.
Outro fenômeno associado à polarização acentuada é o chamado efeito halo. Se as pessoas optam por um candidato, passam a considerar tudo o que estiver relacionado a esse candidato como positivo. O antipetismo, que acabou sendo determinante nas eleições presidenciais de 2018, é um exemplo de efeito halo reverso - tudo o que for associado ao PT é considerado como algo ruim. Para as eleições de 2022, parece que caminhamos para o enfrentamento de dois efeitos halo - o antipetismo e o antibolsonarismo. Duas massas de pessoas que não fazem muita questão dos fatos, apenas dos argumentos (os seus).
Irracionalidade e incerteza
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Racionalidade pressupõe uma ponderação de meios e fins, cálculo de consequências a partir de determinadas linhas de ação. Foto: Pixabay[/caption]
A racionalidade pressupõe uma ponderação de meios e fins, cálculo de consequências a partir de determinadas linhas de ação. If...then [se... então] tornou-se um dos comandos mais nucleares na programação de computadores, justamente por isso. Se acontecer isso, faça aquilo - a informática é racionalidade objetificada. Por isso, a racionalidade reduz a incerteza, ao possibilitar que sejam atribuídas probabilidades a determinadas consequências de determinados rumos de ação.
Na sua ausência, entretanto, opera-se na incerteza - que é a subjetividade multiplicada "n" vezes - ou seja, para se conseguir qualquer previsão, ter-se-ia que consultar cada indivíduo separadamente e computar a sua preferência revelada. Não é por menos que tantos modelos de previsão de resultados eleitorais não acertem o alvo.
Eleições e governo: a dissonância democrática
Se fosse possível aplicar a teoria padrão da escolha racional, teríamos uma situação em que os candidatos buscariam conquistar votos por meio de sinalizações de que atenderiam às preferências reveladas pelos eleitores. Quando o eleitorado age de forma irracionalmente enviesada, contudo, os candidatos encontram um forte incentivo para anunciar ações que lhes rendam popularidade, sem se preocupar com resultados ou consequências.
Dessa forma, a demagogia acaba sendo uma estratégia vencedora. Por isso o mais provável é que assistamos aos candidatos se movimentando de ideias populares em ideias populares, sem que suas propostas anunciadas guardem qualquer conexão com a pragmática de governo que implementarão caso eleitos. Eis aqui o fenômeno da dissonância democrática!
| CHAPA QUENTE | GELADEIRA |
| A pouco mais de três meses das eleições, o cenário é de estabilidade nas pesquisas. Melhor para Lula, que aparece à frente de Jair Bolsonaro em todos os levantamentos e com chances de vencer no primeiro turno, como mostra o Datafolha divulgado nessa quinta-feira. O petista tem 53% dos votos válidos, ante 32% do atual candidato à reeleição. A chamada terceira via não empolga o eleitorado. Ciro Gomes (PDT) tem 10% dos válidos e Simone Tebet (MDB), apenas 1%. No segundo turno, Lula tem 57% e Bolsonaro, 34%. | O presidente Jair Bolsonaro gosta de repetir em alto e bom som que não há corrupção em seu governo. Nesta semana o discurso anticorrupção do presidente sofreu um forte abalo com a prisão pela Polícia Federal do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, suspeito de participar de um esquema de corrupção no MEC. Ao comentar o assunto, Bolsonaro tentou capitalizar a ação da PF no caso e jogou o problema no colo de Ribeiro, o mesmo por quem ele havia dito que colocaria a "cara no fogo". Chamuscou-se. |
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