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Um país em luto

Chegamos a 620.000 pessoas mortas por Covid-19 no país. Das quais 70% se foram em 2021. São milhões de pessoas que compartilham o luto

Marina Helou

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24/12/2021 | Atualizado às 7:35

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Bolsonaro não perdeu a eleição por dois milhões de votos. Perdeu por 700 mil mortes. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Bolsonaro não perdeu a eleição por dois milhões de votos. Perdeu por 700 mil mortes. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Eu escrevo essas linhas vivenciando o maior processo de luto da minha vida. Minha mãe faleceu há dez dias e nada ainda faz sentido. E esta dor imensurável, esta falta abismal são os sentimentos que neste momento me conectam com os brasileiros e o Brasil. Chegamos a 620.000 pessoas mortas por Covid-19 no país. Das quais, 70% se foram em 2021. São milhões de pessoas que compartilham e vivem neste ano e neste momento a dor que é perder alguém que ama. Com o agravante de que muitas destas mortes poderiam ter sido evitadas se tivéssemos a vacina antes, se não vivêssemos em um país cujo presidente negou a doença, estimulou contato e remédio ineficaz, apostou na morte das pessoas como estratégia. São cinco as famosas fases do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. O que no esquema lógico parece fazer sentido, mas na prática é muito mais confuso e intenso. Elas não são fases cadenciadas e sim intensas e misturadas. Esse torpor do luto também me conecta com os brasileiros neste momento. Porque, para além de todos aqueles que tangivelmente perderam alguém amado e vivem esta dor no âmbito individual, reconheço neste conjunto a exaustão coletiva em que vivemos. Estamos vendo o Brasil e nossas conquistas institucionais serem esfaceladas a cada dia. É tanta destruição, tão rápido, que já não identifico com clareza uma revolta em ação. Identifico exatamente as fases do luto. Negação: não acreditamos, não faz sentido. Sentimos muita raiva, falamos mal. Barganhamos, pedimos para o Papai Noel "levar o presidente" e barganhamos nosso voto. Estamos todos deprimidos e aceitamos que nossos sonhos tenham sido destruídos. IBGE, Ipea, Enem, Fies, Iphan, Ibama, IPT, Bolsa Família, responsabilidade fiscal e Anvisa. Só para citar os ataques e destruições das últimas semanas. Temer quase caiu da presidência por solicitar ao Iphan uma autorização para Geddel em um caso simples e tamanho foi o escândalo. Bolsonaro interveio diretamente no Iphan em uma ação super complexa para atender ao velho da Havan e fez piada. Ninguém nem consegue absorver mais. Se somam à destruição do governo a dura realidade decorrente de sua incompetência:  fome e insegurança alimentar, desemprego, déficit de moradia crescente, população em situação de rua crescendo, queda na qualidade de vida. Essas dores, reais e concretas, são elementos do luto de como poderia ser e como é. Desgraças que alimentam o luto pelo nosso país e o que fizeram com ele. Dentro do meu luto individual, da minha perda irreparável, escuto que a saudade e a falta nunca vão melhorar, mas que o tempo vai ajudar. Quando olho para o coletivo penso exatamente ao contrário: que sim é possível melhorar, é possível reconstruir o país em uma direção sustentável em todos os aspectos. O Brasil que somos e o que podemos ser. Só que não temos tempo a perder. 2022 está chegando. E se me alegro com a partida do tenebroso 2021, não me iludo com a chegada do próximo ano. Será difícil, doido. Estaremos de luto e teremos que lutar. Mas que seja um fim horrível para acabar este horror sem fim. Descansem. Recarreguem as energias. A única parte boa entre tanta dor é olhar para o lado e nunca me sentir sozinha. Que todos nós possamos viver esta certeza: vamos juntos passar por isso e retomar os nossos sonhos. O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]. Outros artigos da mesma autora
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