Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
MULHERES NA POLÍTICA
Congresso em Foco
27/5/2025 | Atualizado às 13:55
A bancada feminina do Senado se mobiliza para barrar mudanças no novo Código Eleitoral que podem comprometer a participação das mulheres na política. Nesta terça-feira (21), senadoras se reúnem com o relator da proposta, senador Marcelo Castro (MDB-PI), para exigir alterações em seu parecer, que deve ser votado nesta quarta-feira (22) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O principal ponto de controvérsia é a proposta de substituir a atual exigência legal que obriga os partidos a reservar pelo menos 30% das candidaturas para mulheres por uma nova regra que fixa em 20% o número de cadeiras destinadas ao sexo feminino nos parlamentos. Para senadoras e entidades da sociedade civil, a mudança representa um retrocesso travestido de progresso.
Reação
A senadora Zenaide Maia (PSD-RN), procuradora especial da Mulher no Senado, reconhece que a reserva de assentos pode ser um avanço, mas não ao custo de abrir mão de direitos já consolidados.
"Não abrimos mão da cota mínima de 30% de candidaturas femininas por partido. Também não aceitaremos cortes no fundo partidário destinado às campanhas de mulheres", afirmou. A reserva diz respeito às candidaturas para os cargos de vereadora e deputada estadual, distrital e federal.
Zenaide critica a proposta de trocar o direito de disputar eleições com financiamento adequado por uma limitação fixa de cadeiras ocupadas. "Aceitar um teto no Legislativo é aceitar um retrocesso disfarçado de avanço", concluiu.
O parecer de Marcelo Castro também prevê a suspensão, por 20 anos, das sanções a partidos que não cumprirem a cota mínima de candidaturas femininas punição aprovada pela Câmara dos Deputados.
Entidades reagem
A proposta gerou forte reação de organizações da sociedade civil. O Pacto pela Democracia, que reúne dezenas de entidades, lançou o manifesto 20% é muito pouco: paridade de raça e gênero já!, alertando para os riscos da mudança:
Relator defende proposta como avanço
O senador Marcelo Castro admite a polêmica, mas argumenta que a mudança daria mais eficácia ao sistema, evitando candidaturas fictícias apenas para cumprir cota. Segundo ele, com a nova regra, os recursos seriam direcionados a campanhas reais e ao menos 20% das cadeiras seriam efetivamente ocupadas por mulheres.
"Isso é revolucionário. Os recursos irão para quem realmente vai fazer campanha, garantindo cadeiras para mulheres nas câmaras e assembleias", disse.
Senadoras criticam tentativa de retrocesso
A líder da bancada feminina, senadora Leila Barros (PSB-DF), considera inaceitável qualquer recuo. Segundo ela, retirar punições pelo descumprimento das cotas e reduzir as exigências legais abriria caminho para enfraquecer a presença das mulheres na política.
"É muito ruim ver retrocessos após tanta luta. Sabemos que, nos bastidores, tirar a punição pela não aplicação de 30% da verba em candidaturas femininas significa reduzir nossa participação. Temos que lutar pela manutenção dos avanços", afirmou.
Veja a manifestação de Leila:
Presença feminina
Dados recentes da ONU Mulheres e da União Interparlamentar (UIP) mostram que o Brasil ocupa a 133ª posição global em representatividade feminina nos parlamentos, ficando atrás de países como Cazaquistão, Somália, Arábia Saudita e Burkina Faso.
Na Câmara dos Deputados, apenas 18,1% das cadeiras são ocupadas por mulheres (93 deputadas). No Senado, elas representam 19,8% (16 senadoras). No Executivo, o cenário é um pouco melhor: das 31 pastas ministeriais, 10 são comandadas por mulheres (32,3%), o que coloca o país em 53º lugar em participação feminina nos governos.
Mesmo assim, o Brasil está longe da paridade já alcançada por países como Finlândia, Espanha e Nicarágua, onde mulheres ocupam metade ou mais dos ministérios.
LEIA MAIS
PAINEL DO PODER
Apoio ao fim da escala 6x1 no Congresso vai além dos governistas
SEGURANÇA PÚBLICA
Senado vota PEC que inclui guardas e agentes na Constiuição; entenda