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Congresso em Foco
14/4/2021 | Atualizado 10/10/2021 às 17:09
 
 
 É por isso que tenho proposto iniciativas para acabar com algumas distorções. Sou autora de um projeto de lei que obriga a utilização da linguagem inclusiva na administração pública federal em atos normativos, editais e demais documentos oficiais. Se aprovada, a regra valerá para os três Poderes, incluindo órgãos e entidades da administração indireta. Os nomes dos cargos, empregos, funções e outras designações, inclusive patentes, postos e graduações das Forças Armadas, deverão conter a flexão de gênero, de acordo com o sexo ou a identificação de gênero do ocupante ou da ocupante.
Também apresentei o projeto de Resolução de Alteração do Regimento nº 26/2021, para substituir a designação de referência da Câmara dos Deputados por Câmara Federal. Não há outra razão, a não ser o machismo estrutural, que justifique que, em pleno século 21, com as mulheres representando a maioria da população brasileira, a casa ainda seja conhecida como Câmara "dos Deputados".
Essa medida é simbolicamente relevante para o aprofundamento da experiência democrática por uma composição legítima no Legislativo Federal como diretriz afirmativa para o avanço da participação das mulheres na política, uma vez que desfaz a referência de discriminação ou exclusão de mulheres, chegando a uma designação que indica um lugar para todas e todos.
Outros casos de discriminação estão nas denominações dos documentos oficiais de diversas categorias profissionais. Um exemplo: minha filha concluiu o curso de medicina e recentemente recebeu a sua carteira profissional. Qual não foi sua surpresa ao verificar que nela constava a seguinte informação "Conselho Regional de Medicina - Carteira Profissional Médico". Como se vê, o documento ignora por completo a diversidade.
Ainda que a profissão tivesse pequena representatividade feminina, a falta dessa flexão já seria uma injustiça com as mulheres. O que dizer então de uma área que passa pela feminização? De acordo com o estudo Demografia Médica 2020, do Conselho Federal de Medicina, os homens representam 53,4% desses profissionais e as mulheres, 46,6%. Trinta anos atrás, em 1990, elas eram 30,8%. Nos grupos mais jovens, as mulheres já são maioria. Na faixa até 29 anos, representam 58,5% e são 55,3% na faixa etária de 30 a 34 anos, segundo o estudo.
Em ofício enviado ao CRM-DF e ao Conselho Federal, sugeri a alteração no sistema de registro das carteiras de identidade profissional. A adoção de linguagem inclusiva de gênero nos documentos oficiais emitidos, em reconhecimento aos avanços e às conquistas dos movimentos em defesa da igualdade de direitos e da equidade no ambiente de trabalho, conferirá tratamento isonômico em um ambiente ainda marcado pela ascensão masculina.
O combate a todas as formas de violência contra a mulher representa uma pauta fundamental para a promoção dos direitos humanos e a garantia de uma sociedade verdadeiramente democrática. O uso da linguagem inclusiva, tornando regra a concordância de gênero, é uma forma válida de lutar contra a desigualdade e significará mais um passo na nossa batalha para diminuir o abismo de direitos entre homens e mulheres no Brasil.
*Erika Kokay é deputada federal pelo PT-DF.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
É por isso que tenho proposto iniciativas para acabar com algumas distorções. Sou autora de um projeto de lei que obriga a utilização da linguagem inclusiva na administração pública federal em atos normativos, editais e demais documentos oficiais. Se aprovada, a regra valerá para os três Poderes, incluindo órgãos e entidades da administração indireta. Os nomes dos cargos, empregos, funções e outras designações, inclusive patentes, postos e graduações das Forças Armadas, deverão conter a flexão de gênero, de acordo com o sexo ou a identificação de gênero do ocupante ou da ocupante.
Também apresentei o projeto de Resolução de Alteração do Regimento nº 26/2021, para substituir a designação de referência da Câmara dos Deputados por Câmara Federal. Não há outra razão, a não ser o machismo estrutural, que justifique que, em pleno século 21, com as mulheres representando a maioria da população brasileira, a casa ainda seja conhecida como Câmara "dos Deputados".
Essa medida é simbolicamente relevante para o aprofundamento da experiência democrática por uma composição legítima no Legislativo Federal como diretriz afirmativa para o avanço da participação das mulheres na política, uma vez que desfaz a referência de discriminação ou exclusão de mulheres, chegando a uma designação que indica um lugar para todas e todos.
Outros casos de discriminação estão nas denominações dos documentos oficiais de diversas categorias profissionais. Um exemplo: minha filha concluiu o curso de medicina e recentemente recebeu a sua carteira profissional. Qual não foi sua surpresa ao verificar que nela constava a seguinte informação "Conselho Regional de Medicina - Carteira Profissional Médico". Como se vê, o documento ignora por completo a diversidade.
Ainda que a profissão tivesse pequena representatividade feminina, a falta dessa flexão já seria uma injustiça com as mulheres. O que dizer então de uma área que passa pela feminização? De acordo com o estudo Demografia Médica 2020, do Conselho Federal de Medicina, os homens representam 53,4% desses profissionais e as mulheres, 46,6%. Trinta anos atrás, em 1990, elas eram 30,8%. Nos grupos mais jovens, as mulheres já são maioria. Na faixa até 29 anos, representam 58,5% e são 55,3% na faixa etária de 30 a 34 anos, segundo o estudo.
Em ofício enviado ao CRM-DF e ao Conselho Federal, sugeri a alteração no sistema de registro das carteiras de identidade profissional. A adoção de linguagem inclusiva de gênero nos documentos oficiais emitidos, em reconhecimento aos avanços e às conquistas dos movimentos em defesa da igualdade de direitos e da equidade no ambiente de trabalho, conferirá tratamento isonômico em um ambiente ainda marcado pela ascensão masculina.
O combate a todas as formas de violência contra a mulher representa uma pauta fundamental para a promoção dos direitos humanos e a garantia de uma sociedade verdadeiramente democrática. O uso da linguagem inclusiva, tornando regra a concordância de gênero, é uma forma válida de lutar contra a desigualdade e significará mais um passo na nossa batalha para diminuir o abismo de direitos entre homens e mulheres no Brasil.
*Erika Kokay é deputada federal pelo PT-DF.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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