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Avanços e tentativa de retrocesso: o projeto de lei sobre abuso de autoridade

Congresso em Foco

31/7/2016 8:00

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Ricardo do Prado Pires de Campos * Há muitos anos trabalho como promotor de Justiça, desde a época em que éramos chamados de promotor público. Naquele tempo, normalmente no Tribunal do Júri, era comum ouvirmos dos advogados que a Justiça processava apenas os três PPP. Com perdão da palavra, mas para quem não conhece a expressão, preciso registrá-la. Diziam que só processávamos os pobres, os pretos e as putas. Em suma, a Justiça acionaria apenas as classes sociais mais desfavorecidas. Classe média e alta estavam fora do radar. Ao longo da carreira, essa realidade foi mudando. Pude constatar que a classe média muitas vezes estava presente no banco dos réus. É verdade. Difícil encontrar alguém da classe média sendo processado por roubo, furto, ou mesmo tráfico de maconha ou cocaína. No entanto, aparece nos homicídios culposos, de trânsito; por vezes, nos dolosos, intencionais. Aparece no tráfico, sim, mas de ecstasy, LSD e companhia. Nos delitos patrimoniais, também, mas mais raramente e de forma diversa, sem violência, com astúcia. O tipo de infração penal praticada muda conforme a classe social e o nível socioeconômico da pessoa. Vi médicos no banco dos réus, advogados processados por apropriação do dinheiro do cliente, juiz e promotor processados por homicídios dolosos, e até por corrupção. A Justiça, há anos, não exclui mais a classe média. Esse privilégio parece ter acabado após a edição da Constituição Federal de 1988, gradativamente. Mas a Constituição Federal pedia mais: ela diz que todos são iguais perante a lei, e criou alguns mecanismos para implantar essa igualdade. Um deles foi o novo perfil do Ministério Público, com autonomia e a ampliação das funções. Nos dias atuais, chegamos à classe alta: ao topo da pirâmide socioeconômica. A Operação Lava Jato desvendou os mecanismos de perpetuação no poder utilizado pelas classes política e empresariais dominantes. A Justiça, finalmente, começa a ser republicana: igual para todos. Mas, nosso ranço monárquico é forte. As classes dominantes não conseguem controlar a magistratura, a polícia e o Ministério Público nos graus inferiores, mas tentam controlar as cúpulas. O sistema de nomeação de ministros para o Supremo Tribunal Federal é anacrônico; a escolha da chefia do Ministério Público pelo Poder Executivo, ainda, é um entrave para a instituição. Essas questões precisam evoluir para que a Justiça possa ser efetivamente igual para todos. Neste momento, há uma tentativa de retrocesso com o novo projeto de lei  abuso de autoridade; em verdade, uma tentativa de enfraquecer a polícia, especialmente o Ministério Público, e a magistratura. Pelo projeto a ser votado no Senado, várias atividades usuais da polícia, do MP e da magistratura podem transformar-se em crimes: usar algemas em presos, processar alguém, exceder um prazo, e por aí vai. É óbvio que isso só causará problema para juízes, promotores e policiais se o réu for gente importante. Aqueles que usam o ataque como técnica de defesa. É óbvio que a legislação deve prever punições para todo e qualquer funcionário do Estado que exorbite, intencionalmente, suas funções, causando graves prejuízos a terceiros. Isso inclui os funcionários do Sistema da Justiça, nenhuma dúvida. Mas, como todo ato importante, a legislação deve ser debatida com cuidado. Aprovações de afogadilho não são recomendáveis, especialmente quando seus objetivos não parecem os mais nobres. Esperemos que os bons políticos, e eles existem, ajam com a prudência e a sabedoria necessárias para impedir retrocessos num assunto, atualmente, tão caro a toda a sociedade. A nós, cidadãos da República brasileira, cabe cobrar e fiscalizar a ação daqueles que elegemos, para que a nação siga no rumo do desenvolvimento que tanto almejamos, e a JUSTIÇA seja, de fato e de direito, IGUAL PARA TODOS. * Mestre em Direito, é 2º vice-presidente do Movimento do Ministério Público Democrático e (MPD) procurador de Justiça no MP-SP. Mais sobre corrupção Mais sobre Legislativo em crise
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Senado Ministério Público Justiça Judiciário investigação corrupção magistratura tribunal do júri constituição direito Fórum Advocacia abuso de autoridade Legislativo em crise promotoria Ministério Público Democrático MPD Ricardo do Prado Pires de Campos

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