Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
17/6/2017 | Atualizado às 7:52
[/caption]
O empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo JBS, disse em entrevista à revista Época deste fim de semana que o presidente Michel Temer, no poder desde maio de 2016, lidera a "maior e mais perigosa" quadrilha do país. No Brasil para prestar depoimento à Polícia Federal, em que reafirmou todas as denúncias contra o peemedebista, o delator comentava com o jornalista Diego Escosteguy, editor-chefe da semanal, os mecanismos de chantagem supostamente praticados, entre outros, pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e pelo doleiro Lúcio Funaro, ambos presos na Lava Jato, quando assim classificou o grupo de Temer:
"Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa deste país. Liderada pelo presidente", declarou Joesley, que detalha a atuação do grupo comandado por Temer, presidente do PMDB entre 2001 e 2016, quando se licenciou da função para assumir o comando do país.
A delação premiada do empresário tem relação não só com a Operação Lava Jato, que tem Temer e boa parte de seus ministros e ex-ministros na mira de investigadores, mas também com a Operação Bullish - deflagrada em 17 de maio pela Polícia Federal, apura a ocorrência de fraudes em aportes concedidos pelo BNDES, entre 2007 e 2011, por meio de sua subsidiária BNDESPar.
"O Temer é o chefe da orcrim [abreviação para 'organização criminosa'] da Câmara. Temer, Eduardo [Cunha], Geddel [Vieira Lima], Henrique [Alves], [Eliseu] Padilha e Moreira [Franco]. É o grupo deles. Quem não está preso está, hoje, no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites. Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância: nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais, para não armar alguma coisa contra mim. A realidade é que esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida", acrescentou Joesley.
Leia mais:
Os áudios em que Temer avaliza compra do silêncio de Cunha e procurador infiltrado na Lava Jato
Os relatos e provas apresentados por Joesley são responsáveis pela mais grave crise enfrentada pelo governo Temer. Graças à ação coordenada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em conjunto com a Polícia Federal, Temer passou de suspeito da Lava Jato à condição de formalmente investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, associação criminosa e obstrução de Justiça - o primeiro presidente da República a ser investigado, no Brasil, em pleno exercício do mandato.
Recebido secretamente por Temer no Palácio do Jaburu, residência da Vice-Presidência da República, em março deste ano, Joesley gravou o diálogo que teve com o presidente. Na ocasião tratou-se, segundo a denúncia, da compra do silêncio de Cunha, das informações privilegiadas sobre a Lava Jato repassadas por um procurador (também já preso) e da influência do grupo de Temer sobre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), entre outros temas sem qualquer relação com o exercício do mandato presidencial.
"Conheci Temer através do ministro Wagner Rossi, em 2009, 2010. Logo no segundo encontro ele já me deu o celular dele. Daí em diante passamos a falar. Eu mandava mensagem para ele, ele mandava para mim [...] Nunca foi uma relação de amizade. Sempre foi uma relação institucional, de um empresário que precisava resolver problemas e via nele a condição de resolver problemas. Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele - e fazer esquemas que renderiam propina. Toda a vida tive total acesso a ele", diz Joesley na entrevista que, segunda a Época, foi feita na manhã da última quinta-feira (15), em conversa que preencheu 12 páginas da revista.
O Planalto tem negado as acusações. Os advogados de Temer contestam a qualidade da gravação e diz que as declarações que serviram para a acusação do MPF estão fora do contexto. Nos próximos dias, é esperada a apresentação de uma denúncia formal do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reiterando o conjunto probatório do inquérito em curso no Supremo. Caso acatada pelo relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, a demanda de Janot será encaminhada à Câmara, onde precisa de 342 votos (entre 513 possíveis) para virar ação penal. Neste caso, na condição de réu, Temer ficará afastado por até 180 dias. Caso o julgamento não seja concluído nesse prazo, o peemedebista poderia retornar ao mandato.
Leia a íntegra da entrevista da revista Época
Leia também:
Janot justifica delação que flagrou Temer, Aécio e Rocha Loures: "Crimes graves em execução"Tags
Temas
SEGURANÇA PÚBLICA
Crise no Rio reforça necessidade da PEC da Segurança, diz relator
TRANSPORTE AÉREO
Câmara aprova proibição da cobrança por malas de até 23 kg em voos