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20/9/2017 7:30
[fotografo]Reprodução[/fotografo][/caption]
Não se sustenta a ideia de que a redução da maioridade penal e maior rigor na execução de medidas socioeducativas contribuirá para diminuir a incidência de atos infracionais praticados por adolescentes. Nesse sentido, a cadeia destinada aos presos adultos já demonstrou - com rigor exacerbado - que o endurecimento das penas é insuficiente para frear os elevados índices de criminalidade que assolam o País. Além disso, nosso sistema carcerário está hiper lotado e decadente.
Desde a promulgação da Lei de Crimes Hediondos, em 25 de julho de 1990 - com suas recentes atualizações legais -, a população carcerária no Brasil sofreu significativo aumento, verificando-se também elevação nos indicadores de criminalidade, ao contrário da imaginada redução de tais índices. Colaborou, inclusive, para agravar o problema da superpopulação carcerária, contribuindo para o surgimento de facções criminosas e revelando que o processo de elaboração da referida lei, aprovada num momento de comoção social, não passou por um debate profundo e consistente sobre como combater a violência crescente no país. Estatisticamente, comprovou-se que o aumento da pena ou o endurecimento da execução penal não gera diminuição da criminalidade.
As últimas pesquisas do censo penitenciário revelam, ainda, que o índice de reincidentes adultos que cumprem pena nas penitenciarias é de 70%. E que, nas unidades de execução de medidas socioeducativas de internação, a reiteração da prática do ato infracional é inferior aos 10% nas unidades mais próximas do perfil previsto no ECA (Lei 8.069, de 1990 e na Lei nº 12.594, de 2012, que instituiu o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo).
Os referidos índices comprovam que o caminho é investir no sistema socioeducativo, de acordo com o que preconiza o Sinase - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, do qual tive a oportunidade e honra de ser uma das relatoras no Senado Federal quando de sua aprovação. O caminho é, mais ainda, investir em educação. Só com educação de qualidade e oportunidades reais poderemos oferecer condições para tirar os nossos jovens do caminho da criminalidade.
Ao invés de "amontoar" nossos adolescentes nas penitenciárias, violando direitos e garantias individuais, a juventude brasileira precisa de políticas públicas de educação, espaços de lazer e cultura, oportunidades de emprego e renda e de programas de apoio aos egressos do sistema de justiça juvenil.
Nosso posicionamento reflete nossa trajetória política e legislativa em defesa dos direitos humanos, em especial de crianças e adolescentes, atende ao princípio dos cuidados com esse público e vai ao encontro de inúmeras manifestações de entidades como o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Fórum Nacional das Entidades de Defesa de Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA) e até da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, que na semana passada formalizou a todos os que atuam nessa área seu posicionamento contrário à aprovação da PEC 33/2012.
Reduzir a maioridade penal é culpar os adolescentes pela falência do Estado enquanto responsável por políticas públicas. #ReduçãoNãoÉSolução.
<< Os 80 anos da UNE - desde então, ninguém segurou mais a estudantada brasileira << O absurdo do corte de recursos na educação
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