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Lydia Medeiros
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Crise
25/7/2025 18:00
Deputados bolsonaristas decidiram interromper o recesso parlamentar para organizar um ato em defesa do chefe em duas comissões da Câmara. Fracassaram. O presidente Hugo Motta proibiu sessões no período. Os deputados se reuniram para protestar contra Motta. Alguns ergueram uma bandeira de campanha de Donald Trump. Nem os colegas do PL aguentaram. Pediram para recolher o estandarte. Aplaudir Trump seria demais.
O retrato dos insurgentes reunidos na Casa esvaziada pelas férias mostra o isolamento do PL em relação aos demais partidos da direita. O próprio partido está rachado. Uma ala tenta o impossível, livrar a imagem dos Bolsonaro das sanções impostas ao Brasil pelo governo americano, enquanto a família se vangloria da proximidade com a Casa Branca.
O distanciamento entre o Centrão e o PL já havia sido tomado desde a eleição, quando todos os partidos do bloco aderiram ao governo Lula e ganharam cargos na Esplanada. Hoje, o PL fala sozinho no Parlamento, e nem a família Bolsonaro se entende mais com os aliados, como mostram as rusgas entre Eduardo Bolsonaro e os governadores Tarcísio de Freitas e Romeu Zema.
Eduardo largou o mandato de deputado e foi para os Estados Unidos empenhado em "vingança" contra o ministro Alexandre de Moraes. Sonha em obter, por meio da pressão externa sobre o Congresso e o Judiciário, a aprovação de uma anistia para os envolvidos na tentativa de golpe de janeiro de 2023, inclusive o pai, claro.
Até agora, o saldo das "conquistas" de que se gabam pai e filho deputado é bem negativo para o clã. O ex-presidente ostenta uma tornozeleira, o processo contra ele caminha no Supremo e, nos próximos meses, chegará ao julgamento. A anistia é uma ideia sem qualquer futuro no Congresso. O grupo perdeu apoio político, e a faca que Trump encostou no pescoço de Lula com o tarifaço está revertendo a queda de popularidade do presidente.
Dias atrás, Eduardo afirmou que os EUA não recuariam das pressões sobre o Brasil, mas admitiu: "Se tudo der errado, pelo menos, nós estaremos vingados." A busca de punição para Alexandre de Moraes atingiu outros ministros do Supremo, que tiveram seus vistos americanos suspensos. O processo contra Bolsonaro, porém, não recuou um milímetro. Deu tudo errado mesmo.
Partidos da direita (PP, Republicanos, PSD e União Brasil) procuram se distanciar do desastre bolsonarista. Pode não ser fácil, como mostrou o comportamento errático do governador Tarcísio de Freitas ao apoiar Bolsonaro e culpar Lula pelo tarifaço. Essas forças estavam abandonando o barco lulista quando o presidente "ganhou" de Bolsonaro o inimigo externo que ele buscava, Donald Trump. Resta saber qual é o tempo de validade do bordão "defesa da soberania nacional" diante dos efeitos reais na economia do tarifaço e das dificuldades de negociação com os EUA.
O Centrão já provou ter fôlego e capacidade de lutar por seus interesses, basta notar o crescimento do volume de emendas parlamentares e os cargos ocupados no Congresso, mesmo sem garantir votos em plenário para o governo, supostamente o principal aliado. No caminho para 2026, esse grupo partidário tem o desafio de desligar-se de fato do bolsonarismo e de se unir em torno de um candidato que encarne o papel do anti Lula. Ainda é cedo para previsões, mas já é possível apostar: seja quem for o próximo presidente, o Centrão estará em seu governo.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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