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Ataque de Lula ao Congresso pode ser tiro no pé

Presidente volta a atacar o Congresso e pode comprometer alianças necessárias para governar.

Lydia Medeiros

Lydia Medeiros

17/10/2025 9:00

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Derrotado por Fernando Collor nas eleições de 1989, Lula decidiu se preparar para a disputa presidencial de 1994 em uma série de viagens pelo país, nas "Caravanas da Cidadania". Estava em Ariquemes (RO), em setembro de 1993, quando disse que no Congresso havia "uma minoria de parlamentares que se preocupa e trabalha pelo país, mas há uma maioria de uns 300 picaretas que defende apenas seus próprios interesses".

No mês seguinte, estourou o escândalo dos "Anões do Orçamento", que revelou como um grupo de deputados - a maioria de baixa estatura - controlava a Comissão de Orçamento e a distribuição das verbas federais. A crítica de Lula ganhou corpo e fez sucesso. Virou música: "Luiz Inácio falou/Luiz Inácio avisou/São 300 picaretas com anel de doutor", cantavam Os Paralamas.

Em 2002, depois de amargar mais duas derrotas eleitorais, Lula fechou uma aliança eleitoral com alguns dos "picaretas". Ganhou, mas os escândalos acompanharam seus dois governos, a começar pelo mensalão. Àquela altura, Lula já era um político pragmático.

No segundo mandato, em 2009, quando questionado sobre suas relações com alguns daqueles que eram alvo de seus ataques - José Sarney, Fernando Collor e Renan Calheiros, por exemplo -, afirmou: "Nunca fiz concessão política. Faço acordo... Se Jesus viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria que chamar Judas para fazer coalizão."

Na crise do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, voltou à carga. "Os 300 picaretas de que falei aumentaram um pouco", disse, em referência aos 367 deputados que aprovaram a abertura do processo contra a ex-presidente.

Retórica de confronto pode enfraquecer base política de Lula.

Retórica de confronto pode enfraquecer base política de Lula.Ricardo Stuckert/PR

Em 2022, na campanha para o terceiro mandato, a experiência do poder talvez tenha o levado a refletir. Ao participar de um podcast, disse que "a imagem que se cria do político causa prejuízo à política". A um ano de uma nova disputa, no entanto, o Lula de 1993 parece ter encontrado nova encarnação.

Quando a Câmara decidiu derrubar, em maio, o decreto que elevava o IOF, o presidente deflagrou uma campanha chamando o Congresso de "inimigo do povo". Estabeleceu uma trégua que parecia promissora quando os deputados aprovaram por unanimidade a isenção do IR para renda de até R$ 5 mil. Durou muito pouco. Os parlamentares voltaram rapidamente à condição de vilões pela retirada de pauta de uma medida provisória que compensava a isenção do Imposto de Renda, dias atrás.

Nesta quarta-feira, em solenidade no Rio ao lado do presidente da Câmara, Lula se deixou levar pela plateia que vaiava o deputado: "O Hugo [Motta] é presidente desse Congresso (sic); ele sabe que esse Congresso nunca teve a qualidade de baixo nível como tem agora. Aquela extrema-direita que se elegeu na eleição passada é o que existe de pior."

Sempre pode piorar, como lembrava Ulysses Guimarães. Mas "o barro é esse", ensinou Teotonio Vilela, outro grande político que brigou pela redemocratização do país. Lula sabe disso. No entanto, em campanha acelerada para continuar no poder, joga com a rejeição aos políticos colocando-se como um virtuoso em meio à picaretagem, tal como em 1993.

Com mais de quatro décadas no jogo, Lula não ignora que para governar novamente vai precisar dos mesmos "picaretas", caso vença a disputa pelo Planalto no ano que vem. Ele ajudou a construir a demonização dos políticos, mas, no poder, os ataques pouco ou nada ajudam. Ao contrário, parecem um tiro no pé, já que o inimigo de hoje poderá ser o aliado de amanhã.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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