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Lydia Medeiros
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Estratégia eleitoral
5/9/2025 8:00
Jair Bolsonaro está no banco dos réus à espera da sentença do STF. Enquanto isso, seus aliados no Congresso já discutem a melhor forma de anistiá-lo dos crimes que envolveram a tentativa de golpe de Estado. Nos últimos dias, o julgamento do ex-presidente e dos militares que participaram dos atos golpistas ficou em segundo plano diante das articulações parlamentares. Na Câmara, a tendência é tentar aprovar uma anistia ampla e irrestrita. No Senado, Davi Alcolumbre quer limitar a ação legislativa a uma redução de penas.
A ideia da anistia conta hoje com apoio da maior parte dos partidos de direita e tem motivações variadas. A mais evidente é um desejo de vingança contra o STF daqueles que veem o tribunal como agente político - especialmente pela "intromissão" na regulação das emendas parlamentares. Mas a entrada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nas negociações evidencia um novo e forte componente eleitoral. Para boa parte da direita, não interessa livrar Bolsonaro da Justiça e dar-lhe poder para interferir nas eleições. No entanto, ele ainda lidera um setor do eleitorado que pode fazer a diferença para uma vitória nas urnas.
Tarcísio está à frente de uma delicada articulação que pretende anistiar o ex-presidente e garantir o apoio dele à sua candidatura ao Planalto - mas sem dissidências e sem que haja entre os adversários na disputa alguém com o sobrenome Bolsonaro. Acreditando que esses movimentos poderiam unir todo o espectro da direita em torno de si, Tarcísio parece disposto a confrontar o Judiciário e a estimular o antagonismo entre os Poderes. Promete, inclusive, indultar o ex-presidente, caso a anistia não prospere.
O governador paulista também mostra ânimo para entrar em conflito com setores da elite econômica paulista que querem se livrar do bolsonarismo e gostariam de vê-lo longe de seu padrinho político e da extrema-direita. Sobretudo depois do patrocínio - e empenho - de Eduardo Bolsonaro às sanções do governo Donald Trump ao Brasil, que atingiram fortemente a economia paulista.
A tensão entre o Legislativo e o Judiciário, agora com o estímulo do governador do maior estado do país e virtual antagonista do presidente Lula em 2026, promete ser constante nos próximos 13 meses até a eleição presidencial. A anistia não é o único ponto da pauta contra o STF no Congresso e a todo momento surgem projetos para tirar poderes da Corte, como o que termina com o foro especial de processo e julgamento para os parlamentares. O impeachment de ministros virou tema de campanha.
Tarcísio pode estar comprando a garantia de uma campanha eleitoral forte e competitiva. O problema é se der certo. Terá de administrar um ambiente sem a mínima harmonia entre os Poderes. Ou, pior: em nome da "estabilidade", patrocinar um grande acordo - com Supremo, com tudo.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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