Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
ECONOMIA
Congresso em Foco
24/10/2025 14:23
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), incluiu na pauta da próxima semana a votação do pedido de urgência do projeto de lei complementar (PLP 125/2022) que cria o Código de Defesa do Contribuinte e define regras rígidas contra o devedor contumaz, aquele que faz da inadimplência tributária um modelo permanente de negócio.
Aprovado pelo Senado em setembro, o texto é visto como uma das mais amplas reformas de governança tributária desde a Constituição de 1988. A proposta poderá ser votada diretamente pelo Plenário caso a urgência seja aprovada, dispensando análise nas comissões. A aprovação do projeto se alinha aos esforços do governo para aumentar a arrecadação e reequilibrar as contas públicas.
Relator da proposta no Senado, o senador Efraim Filho (União-PB), estima que o país perde R$ 30 bilhões por ano com empresas que sonegam ou deixam de pagar tributos de forma sistemática. O texto foi aprovado pelos senadores e tramita na Câmara desde o dia 26 de setembro.
Veja o projeto em discussão na Câmara.
"O devedor contumaz não é um contribuinte comum. Ele abre a empresa para não pagar tributo e obter vantagem em cima de quem gera riqueza para o país", afirmou o secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, na última terça-feira (21), durante o lançamento do manifesto em defesa da proposta assinado por oito frentes parlamentares. Entre elas, a da Agropecuária, a da Indústria, Comércio e Serviços, a do Empreendedorismo e a do Brasil Competitivo.
O que é o Código de Defesa do Contribuinte
O PLP 125/2022 cria um marco legal unificado sobre direitos, garantias, deveres e procedimentos aplicáveis à relação entre os contribuintes e as administrações tributárias de todos os entes federativos - União, estados, Distrito Federal e municípios.
O Código estabelece princípios fundamentais como:
A administração tributária, segundo o texto, deverá priorizar a educação fiscal, a autorregularização e o diálogo com o contribuinte antes da autuação. O projeto também impõe responsabilidade civil, penal e administrativa a autoridades fiscais que ajam com dolo, má-fé ou abuso de poder.
Direitos e deveres do contribuinte
O projeto garante aos contribuintes direitos como:
Em contrapartida, o contribuinte deverá agir com boa-fé e cooperação, declarar corretamente suas operações, manter documentação organizada e cumprir integralmente suas obrigações tributárias.
O devedor contumaz e as penalidades previstas
Um dos pilares do projeto é a criação de critérios objetivos para identificar o devedor contumaz, definido como o contribuinte cuja inadimplência é substancial, reiterada e injustificada.
Será considerado devedor contumaz quem:
O processo de caracterização garante notificação prévia, direito de defesa e prazo de 30 dias para regularização ou contestação. Caso não haja manifestação, o contribuinte é declarado revel e formalmente considerado devedor contumaz.
Entre as sanções previstas, estão:
O texto também prevê a publicação dos nomes dos devedores contumazes nos sites da Receita Federal e das administrações tributárias estaduais e municipais.
Incentivos à conformidade e ao bom pagador
Paralelamente à punição dos inadimplentes contumazes, o PLP 125/2022 cria programas de conformidade tributária e aduaneira que premiam o bom contribuinte e estimulam o cumprimento voluntário das obrigações fiscais.
Os principais são:
Confia (Programa de Conformidade Cooperativa Fiscal)
Voltado para grandes empresas, busca criar um relacionamento cooperativo e transparente entre o fisco e o contribuinte. As empresas que aderirem poderão:
Sintonia (Programa de Estímulo à Conformidade Tributária)
Voltado a empresas de médio e pequeno porte, cria um sistema de classificação de conformidade com base na regularidade cadastral e no cumprimento das obrigações.
Os contribuintes mais bem avaliados poderão ter redução de multas em até 70% e parcelamentos mais longos, de até 120 meses.
Programa OEA (Operador Econômico Autorizado)
Destinado ao comércio exterior, reconhece empresas que mantêm padrões elevados de segurança e conformidade aduaneira. Permite desembaraço mais rápido, diferimento de tributos na importação e redução da fiscalização física.
As empresas que aderirem aos programas receberão Selos de Conformidade (Confia, Sintonia ou OEA), válidos por até quatro anos, que garantem benefícios adicionais, como:
Outras medidas do projeto
O PLP também altera diversas leis federais para reforçar a punição aos devedores contumazes:
Impacto esperado
Com a nova legislação, o governo e o Congresso esperam restringir práticas de sonegação estruturada e fortalecer o equilíbrio competitivo entre empresas.
Estudos da Frente Nacional das Prefeitas e dos Prefeitos (FNP) e da Receita Federal indicam que 1.200 CNPJs concentram mais de R$ 200 bilhões em dívidas tributárias recorrentes, muitas delas ligadas a fraudes, laranjas e empresas de fachada.
O projeto também busca reduzir o contencioso tributário, que hoje soma mais de R$ 5 trilhões em litígios, e estimular um modelo de cooperação fiscal moderna, em linha com práticas adotadas na União Europeia e na OCDE.
Temas
LEIA MAIS
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Líder do governo defende inserir cortes de gastos em PL das bebidas
Dificuldade de Comunicação
Comissão reconhece dificuldade de comunicação como deficiência
CÂMARA DOS DEPUTADOS