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Ricardo de João Braga
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17/3/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 16:46
Todas essas medidas objetivam impedir que empregos sejam perdidos e empresas entrem em falência devido a um problema conjuntural. A doença passaria, mas os estragos permaneceriam. Por isso medidas de suporte à atividade econômica têm todo o sentido e devem ser adotadas.
As medidas elencadas geram dois efeitos: sustentam diretamente os grupos atingidos e fazem com que a atividade econômica não caia ou diminua menos do que aconteceria sem ajuda.
Contudo, há um grande problema não abordado acima. Ao contrário dos países desenvolvidos, e também fora do sistema de aposentadoria, de seguro-desemprego e do FGTS, o Brasil possui uma economia informal do mesmo tamanho da formal. São aproximadamente 40 milhões de trabalhadores informais, e que, se contadas as famílias para as quais precisam prover sustento, a informalidade é a realidade de ao menos 100 milhões de brasileiros. Ainda mais, há os trabalhadores que mesmo tendo algum emprego formal, fazem bicos ou precisam de gorjetas e similares para compor a renda. Todos os instrumentos acima não focam neste setor informal, nestas pessoas e nestas famílias.
Acontece que os trabalhadores informais precisam da economia funcionando, das pessoas movimentando-se. Medidas efetivas de controle da epidemia de coronavírus no Brasil vão diminuir as possibilidades de trabalho e renda para os informais. Assim, é preciso pensar no que fazer e agir rapidamente neste setor, sob pena de metade da população brasileira afundar ainda mais na sobrevivência precária.
Considerado o rol de políticas públicas no Brasil, o benefício com maior capacidade de atingir essa população informal é o Bolsa Família, pois seleciona sua população alvo principalmente no setor informal da economia e também entre aqueles sem renda alguma. Agora, com a economia parando, e o setor informal sendo o principal prejudicado, o governo deveria aumentar o valor dos pagamentos temporariamente, seja concedendo elevação de valores, pagamentos dobrados em alguns meses ou qualquer outra sistemática que ao fim eleve a renda dessas famílias. Mais importante ainda é acabar com a fila de espera daqueles que aguardam o recebimento do benefício, que em fevereiro já atingia, segundo a imprensa, um milhão de famílias.
O Bolsa Família é a política pública que realmente atinge o mais pobre e o mais desassistido brasileiro. Precisamos agora de um grande sendo de urgência e de um humano sentimento de solidariedade para que a epidemia do coronavírus não atinja de forma ainda mais dura aqueles que ordinariamente mais sofrem.
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