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Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Erick Mota, Sylvio Costa
7/4/2020 | Atualizado 8/4/2020 às 15:11
 
 
 Um dos muitos posts em redes sociais que tem defendido golpe contra o Legislativo e o Judiciário. [fotografo] Captura de tela/Twitter [/fotograo][/caption]Um outro ponto chama a atenção: na petição pedindo que a emissora seja impedida de manter a concessão, o vídeo utilizado é da live que o presidente Jair Bolsonaro em 29 de outubro, quando xingou a Rede Globo e ameaçou não renovar a licença para a empresa operar. O vídeo em questão está no canal do Youtube do senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do chefe do Executivo.
> Medo de impeachment levou Bolsonaro a recuar de demissão de Mandetta
Para o advogado André Portugal, mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Coimbra (Portugal), tanto o criador da petição quanto seus adeptos estão incorrendo em crime ao fazer a apologia do fechamento do Congresso Nacional. A pena pode ir de um a quatro anos de detenção.
[caption id="attachment_427100" align="aligncenter" width="1024"]
 Um dos muitos posts em redes sociais que tem defendido golpe contra o Legislativo e o Judiciário. [fotografo] Captura de tela/Twitter [/fotograo][/caption]Um outro ponto chama a atenção: na petição pedindo que a emissora seja impedida de manter a concessão, o vídeo utilizado é da live que o presidente Jair Bolsonaro em 29 de outubro, quando xingou a Rede Globo e ameaçou não renovar a licença para a empresa operar. O vídeo em questão está no canal do Youtube do senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do chefe do Executivo.
> Medo de impeachment levou Bolsonaro a recuar de demissão de Mandetta
Para o advogado André Portugal, mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Coimbra (Portugal), tanto o criador da petição quanto seus adeptos estão incorrendo em crime ao fazer a apologia do fechamento do Congresso Nacional. A pena pode ir de um a quatro anos de detenção.
[caption id="attachment_427100" align="aligncenter" width="1024"] Postagens defendem até a morte de congressistas [fotografo] Caputra de Tela/Twitter [/fotografo][/caption]Quem promove ou participa de ato público violento ou propaganda para alteração da ordem política ou social está cometendo crime passível de detenção, segundo o artigo 22 da Lei de Segurança Nacional, explica ele. Igualmente ilegal, acrescenta o advogado, é incitar à subversão da ordem política ou social ou mesmo à animosidade entre as Forças Armadas ou entre essas e as classes sociais ou instituições civis. O crime é passível de reclusão por igual período.
Porém, esse posicionamento não é unanimidade no meio jurídico. Para Flávio Pansieri, fundador da Academia Brasileira de Direito Constitucional e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), quem cria e quem adere a uma petição pedindo o fechamento dos poderes não  comete nenhum crime. "Não está incorrendo no artigo 22 e nem no artigo 23. Não se está, em momento algum, tratando de processos violentos ou ilegais. Estão perguntando para as pessoas: 'você é favorável a fechar o Congresso?'". "A democracia é um estado de desarrumação tão grande, que volta e meia optamos pela arrumação", argumenta.
André Portugal diverge. Ele enfatiza que esse tipo de petição não pode ser admitida, justamente por, na visão dele, colocar em risco a democracia. O pressuposto é que, num ambiente democrático, pode-se admitir toda a expressão do pensamento, exceto aquela cuja aceitação implica necessariamente a supressão da democracia. "Manifestações contrárias à própria democracia não deveriam ser admitidas", pontua o advogado. "É uma questão delicada que toca no limite da democracia. Mas há uma vedação a manifestações que atentem aos poderes e à própria democracia".
Pansieri concorda, entretanto, que a petição pelo fechamento do Congresso merece total condenação:  "Por mais que eu entenda que não seja crime, o manifesto beira o absurdo. Ele demonstra a insatisfação de parte da população. Mas é inadmissível e deve ser recebido pela própria sociedade de diversas formas, como pelo desprezo, porque não é possível que nós venhamos a aceitar como adequado isso. Ele tem que ser recebido com repúdio de ideias".
Há outro ponto de convergência entre os dois juristas: a petição, em si, é uma demonstração da ignorância jurídica dos seus signatários. "Funcionamento do Congresso Nacional é fundamental para a democracia. Não podemos pressupor que exista democracia sem o Congresso e com isso não estou tecendo nenhum comentário sobre o mérito das ações do Legislativo, Executivo ou Judiciário", diz Flávio Pansieri.
Para André, esse tipo de petição é fomentada pelo discurso do presidente Jair Bolsonaro que, ao se manifestar contra os poderes, incorre em crime de responsabilidade, segundo o advogado. "As pessoas perguntam o porquê que quando ele era deputado não acontecia nada e somente agora que ele é presidente que as pessoas falam em crime de responsabilidade. É porque é diferente. A imunidade parlamentar é para o parlamentar. O presidente Jair Bolsonaro não pode ser o deputado Jair Bolsonaro", pontua Portugal.
 Postagens defendem até a morte de congressistas [fotografo] Caputra de Tela/Twitter [/fotografo][/caption]Quem promove ou participa de ato público violento ou propaganda para alteração da ordem política ou social está cometendo crime passível de detenção, segundo o artigo 22 da Lei de Segurança Nacional, explica ele. Igualmente ilegal, acrescenta o advogado, é incitar à subversão da ordem política ou social ou mesmo à animosidade entre as Forças Armadas ou entre essas e as classes sociais ou instituições civis. O crime é passível de reclusão por igual período.
Porém, esse posicionamento não é unanimidade no meio jurídico. Para Flávio Pansieri, fundador da Academia Brasileira de Direito Constitucional e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), quem cria e quem adere a uma petição pedindo o fechamento dos poderes não  comete nenhum crime. "Não está incorrendo no artigo 22 e nem no artigo 23. Não se está, em momento algum, tratando de processos violentos ou ilegais. Estão perguntando para as pessoas: 'você é favorável a fechar o Congresso?'". "A democracia é um estado de desarrumação tão grande, que volta e meia optamos pela arrumação", argumenta.
André Portugal diverge. Ele enfatiza que esse tipo de petição não pode ser admitida, justamente por, na visão dele, colocar em risco a democracia. O pressuposto é que, num ambiente democrático, pode-se admitir toda a expressão do pensamento, exceto aquela cuja aceitação implica necessariamente a supressão da democracia. "Manifestações contrárias à própria democracia não deveriam ser admitidas", pontua o advogado. "É uma questão delicada que toca no limite da democracia. Mas há uma vedação a manifestações que atentem aos poderes e à própria democracia".
Pansieri concorda, entretanto, que a petição pelo fechamento do Congresso merece total condenação:  "Por mais que eu entenda que não seja crime, o manifesto beira o absurdo. Ele demonstra a insatisfação de parte da população. Mas é inadmissível e deve ser recebido pela própria sociedade de diversas formas, como pelo desprezo, porque não é possível que nós venhamos a aceitar como adequado isso. Ele tem que ser recebido com repúdio de ideias".
Há outro ponto de convergência entre os dois juristas: a petição, em si, é uma demonstração da ignorância jurídica dos seus signatários. "Funcionamento do Congresso Nacional é fundamental para a democracia. Não podemos pressupor que exista democracia sem o Congresso e com isso não estou tecendo nenhum comentário sobre o mérito das ações do Legislativo, Executivo ou Judiciário", diz Flávio Pansieri.
Para André, esse tipo de petição é fomentada pelo discurso do presidente Jair Bolsonaro que, ao se manifestar contra os poderes, incorre em crime de responsabilidade, segundo o advogado. "As pessoas perguntam o porquê que quando ele era deputado não acontecia nada e somente agora que ele é presidente que as pessoas falam em crime de responsabilidade. É porque é diferente. A imunidade parlamentar é para o parlamentar. O presidente Jair Bolsonaro não pode ser o deputado Jair Bolsonaro", pontua Portugal.

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