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APOSENTADORIA ANTECIPADA
Congresso em Foco
13/10/2025 | Atualizado às 13:14
O ministro Luis Roberto Barroso, do STF, reafirmou sua posição favorável à descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, tema que poderá integrar seu "voto de despedida" antes da aposentadoria, prevista para a próxima semana. S. Exa. anunciou a aposentadoria antecipada na última quinta-feira (9), após 12 anos na Corte.
"No caso do aborto, todo mundo conhece a minha posição. E é até um bom momento para explicitá-la de novo. Ninguém é a favor do aborto", afirmou o ministro em entrevista.
A possibilidade de um "voto de despedida" reacende o debate sobre a ação proposta pelo Psol, em 2017, que pede a descriminalização da interrupção voluntária da gestação até 12 semanas: a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442. O julgamento começou em 2023, no plenário virtual, quando a então presidente do STF e relatora, Rosa Weber, votou pela descriminalização nos três primeiros meses de gestação, em seu último voto antes da aposentadoria.
Na ocasião, Barroso pediu destaque, o que suspendeu a análise e deslocou o processo para o plenário presencial, sem data definida para julgamento desde então. O ministro cogita agora converter o destaque em pedido de vista e deixar o voto pronto para eventual retomada no plenário virtual.
Na entrevista, Barroso disse que "ninguém é a favor do aborto", mas defendeu que o Estado deve atuar para evitar a prática, e não para punir mulheres. Segundo ele, cabe ao poder público oferecer educação sexual, distribuir contraceptivos quando necessário e amparar gestantes em situação de vulnerabilidade.
"É possível ser contra, é possível não fazer, é possível pregar contra. E tudo isso é diferente de achar que a mulher que passou por esse infortúnio deva ir presa. Essa é a minha posição desde sempre."
Barroso também criticou o efeito discriminatório da criminalização, que atinge especialmente mulheres pobres. Ele lembrou que pessoas com recursos conseguem interromper a gravidez em outros países da América Latina ou na Europa, enquanto as mais vulneráveis recorrem a procedimentos inseguros.
O ministro citou pesquisa da OMS mostrando que a proibição não reduz o número de abortos, apenas aumenta os riscos para as mulheres. Apesar de manter a mesma posição de sempre, Barroso ponderou que o atual contexto político e social exige cautela.
"Vivemos um momento com muitos temas delicados ao mesmo tempo. O risco de uma decisão divisiva criar um ambiente ainda mais turbulento no país é real. Um juiz não faz apenas o que quer ou gostaria de fazer, é preciso ter preocupações institucionais."
Barroso concluiu dizendo que avalia o momento adequado para apresentar seu voto, mas reforçou que sua posição é conhecida e coerente ao longo dos anos.
Qual é o cenário jurídico hoje
No voto de 129 páginas, a ministra Rosa Weber afirmou que a criminalização viola a proporcionalidade, é ineficaz como política criminal e colide com os direitos à saúde, à dignidade e à autonomia das mulheres. Para ela, os artigos 124 e 126 do Código Penal não se compatibilizam com a Constituição de 1988.
E no Congresso?
Enquanto o STF decide se e quando retoma a ADPF 442, a agenda legislativa caminha em direção mais restritiva.
Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara por 35 votos a 15 em novembro de 2024, propõe inserir na Constituição a proteção desde a concepção.
O texto é polêmico porque pode impactar hipóteses hoje legais (risco de vida da gestante, estupro e anencefalia). Sem acordo, a proposta aguarda desde dezembro a instalação de comissão especial para análise de mérito.
Em junho de 2024, o Plenário da Câmara aprovou urgência para o projeto que equipara aborto acima de 22 semanas a homicídio, inclusive em casos de estupro, com pena de até 20 anos (maior que a prevista hoje para o estuprador).
Após forte reação social, o então presidente da Câmara, Arthur Lira, criou comissão para debater o texto. Autores falam em ajustes (como endurecer penas para estupradores), e outros projetos semelhantes foram apresentados. Até agora, a comissão não foi instalada.
Novas propostas exigem registro policial para acesso ao aborto legal e obrigam médicos a notificar a polícia. Entidades apontam intimidação e barreiras de acesso, já que muitas vítimas não registram ocorrência por medo, vergonha ou por o agressor ser alguém da família.
Projetos da deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) buscam garantir o acesso ao aborto legal, com informação obrigatória às vítimas e regras de objeção de consciência que não deixem a paciente sem atendimento.
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