Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
SEGURANÇA PÚBLICA
Congresso em Foco
29/10/2025 | Atualizado às 11:34
A operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro - com mais de 60 mortos nos complexos do Alemão e da Penha - provocou uma reação imediata dos três Poderes. Em Brasília, Executivo, Legislativo e Judiciário se mobilizam para oferecer respostas concretas à escalada da violência e à expansão das facções criminosas.
O resultado é um movimento institucional que busca combinar endurecimento penal, integração federativa e controle da letalidade policial. De Brasília, surgem respostas em três frentes: o Congresso reforça a legislação penal, o governo prepara um pacote antifacção e o Supremo impõe limites à atuação policial.
Legislativo: endurecimento e integração
O Congresso Nacional tem procurado assumir o debate sobre segurança pública. Nas últimas semanas, Câmara e Senado aprovaram uma série de medidas que ampliam penas, restringem solturas e criam novos tipos penais.
Entre os projetos mais recentes está o que impede a soltura de presos reincidentes ou perigosos em audiências de custódia, de autoria do ex-senador e hoje ministro do STF Flávio Dino, relatado por Sergio Moro (União-PR). O texto determina prisão preventiva automática em casos de reincidência, violência ou participação em facções e prevê a coleta de DNA de detentos para o Banco Nacional de Perfis Genéticos. "Precisamos de mais rigor para acabar com a impunidade e com aquela história do 'policial prende e o juiz solta", afirmou Moro.
Na Câmara dos Deputados, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) pautou e aprovou um pacote de segurança pública com quatro projetos:
As propostas foram aprovadas por unanimidade e seguem para o Senado. "Não tenho dúvida de que essa agenda proporcionará ao Brasil um país mais seguro. Essa presidência trata o tema com prioridade, ouvindo o clamor da população", disse Motta ao comemorar a aprovação.
Além disso, segue em tramitação a PEC da Segurança Pública (18/2025), relatada por Mendonça Filho (União-PE), que dá status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e define papéis mais claros entre União, estados e municípios. O texto reforça a coordenação nacional das políticas contra o crime, sem retirar a autonomia dos estados.
Apesar do apoio do governo e de parte do Congresso, a proposta enfrenta resistência de governadores que veem risco de interferência da União nas polícias estaduais e defendem maior liberdade na condução das políticas locais.
Judiciário: limites e fiscalização
Enquanto Executivo e Legislativo endurecem o enfrentamento, o Judiciário busca impor parâmetros e fiscalizar abusos.
A ADPF 635, mais conhecida como "ADPF das Favelas", é o principal instrumento de controle do Supremo Tribunal Federal sobre a letalidade policial no Rio. Proposta pelo PSB em 2019, a ação reconheceu um "quadro de grave violação de direitos humanos" nas comunidades fluminenses e obrigou o governo estadual a adotar planos de redução de mortes, uso de câmeras corporais, fiscalização do Ministério Público e divulgação pública dos dados de operações.
Após a Operação Contenção, o ministro Alexandre de Moraes pediu à Procuradoria-Geral da República que avalie se as ações do governo fluminense respeitaram as diretrizes do STF. A decisão pode redefinir a atuação das forças estaduais em todo o país.
O tribunal trata a ADPF como um marco entre segurança e direitos humanos, um "modelo em construção" que tenta conciliar repressão ao crime e preservação da vida. O caso é acompanhado pelo Ministério Público Federal e pelo Conselho Nacional do MP, que monitoram o cumprimento das medidas determinadas pela Corte.
Executivo: a ofensiva do governo federal
No Executivo, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Ricardo Lewandowski, finaliza o Projeto de Lei Antifacção, que será enviado ao Congresso nos próximos dias, após receber aval do presidente Lula.
A proposta altera o Código Penal, a Lei de Execuções Penais e a Lei de Organizações Criminosas, estabelecendo penas mais severas, novos instrumentos de investigação e bloqueio financeiro de facções.
Entre as principais medidas, o projeto cria o crime de "organização criminosa qualificada", quando o grupo domina território ou atividades econômicas por meio da violência, com pena de 8 a 15 anos de prisão, sem direito a fiança, anistia ou indulto.
Também autoriza infiltração de agentes, criação de empresas fictícias para rastrear fluxos de dinheiro e confisco de bens e valores ilícitos, além de instituir o Banco Nacional de Facções, que reunirá dados sobre integrantes presos e em liberdade.
Segundo Lewandowski, o objetivo é "descapitalizar o crime e modernizar o Estado". O texto é visto pelo governo como a base de um novo sistema nacional de combate ao crime organizado, a ser articulado com a PEC da Segurança Pública.
"Estamos diante de facções que operam como empresas, com capilaridade financeira e influência política. A resposta do Estado precisa ser institucional e integrada", afirmou o ministro.
Tags
Temas
LEIA MAIS
SEGURANÇA PÚBLICA
Projeto antifacção será enviado após aval de Lula, diz Lewandowski
TRANSPORTE AÉREO
Câmara aprova proibição da cobrança por malas de até 23 kg em voos
SEGURANÇA PÚBLICA
Bancada do PT na Câmara critica operação contra o CV no Rio de Janeiro
SEGURANÇA PÚBLICA
Crise no Rio reforça necessidade da PEC da Segurança, diz relator
TRANSPORTE AÉREO
Câmara aprova proibição da cobrança por malas de até 23 kg em voos
Relações exteriores
Senado dos EUA aprova projeto que derruba tarifa contra o Brasil
TENTATIVA DE GOLPE
Entenda em 10 pontos o recurso de Bolsonaro contra a condenação no STF