Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Câmara votará ampliação da licença-paternidade com benefício do INSS

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

DIREITO TRABALHISTA

Câmara votará ampliação da licença-paternidade com benefício do INSS

Para cobrir a despesa, o substitutivo propõe novas fontes de arrecadação, como a tributação de aplicações financeiras e de ativos virtuais.

Congresso em Foco

30/10/2025 | Atualizado às 14:10

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

A Câmara deve votar entre terça (4) e quarta-feira (5) da próxima semana o projeto que amplia e regulamenta a licença-paternidade no Brasil. O substitutivo, relatado pelo deputado Pedro Campos (PSB-PE), foi apresentado nesta quinta-feira (30) aos líderes partidários e ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que acordaram colocar a proposta em votação em regime de urgência.

Veja o substitutivo de Pedro Campos.

A medida moderniza a legislação trabalhista e cria o salário-paternidade, benefício previdenciário que será pago pelo INSS, nos moldes do salário-maternidade. O texto unifica mais de 100 propostas que tramitam no Congresso desde 2008 e busca corrigir o que o relator chama de "um dos maiores atrasos da legislação brasileira em matéria de direitos sociais".

Brasil ainda convive com a falta de regulamentação da licença-paternidade.

Brasil ainda convive com a falta de regulamentação da licença-paternidade.Pixabay

"O Brasil ainda concede apenas cinco dias de licença-paternidade, o que é insuficiente e injusto. É uma lacuna que reforça desigualdades e impede o envolvimento dos pais no início da vida dos filhos. Este projeto coloca o país em outro patamar civilizatório", afirmou Pedro Campos em seu relatório. A proposta original é de autoria da ex-senadora Patrícia Saboya (CE). Para elaborar seu substitutivo, o pernambucano levou em conta cerca de 100 proposições que tratavam do mesmo assunto.

Como é hoje

Atualmente, a licença-paternidade é de cinco dias corridos, conforme o artigo 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Empresas inscritas no Programa Empresa Cidadã podem estender o benefício para 20 dias, com dedução fiscal.

Essa limitação, segundo o relator, "desestimula a participação dos homens nos cuidados com os filhos e sobrecarrega as mulheres, além de manter a desigualdade no mercado de trabalho".

O que muda com o novo texto

O substitutivo propõe uma ampliação gradual da licença-paternidade até 30 dias em 2031, com início de 10 dias a partir de 1º de janeiro de 2027, aumentando cinco dias a cada ano.

Principais mudanças:

  • O pai poderá dividir o período de afastamento em duas partes - uma imediatamente após o nascimento ou adoção e outra até o sexto mês da criança;
  • O benefício valerá para pais adotivos, responsáveis legais e casos de falecimento ou ausência da mãe;
  • Trabalhadores terão estabilidade no emprego desde a comunicação da licença até 30 dias após o retorno;
  • Será possível emendar o período com férias, desde que comunicado com antecedência mínima de 30 dias;
  • O direito será válido também para casais homoafetivos que registrarem a criança.

Pedro Campos afirma que a medida busca "criar uma cultura de corresponsabilidade no cuidado infantil", favorecendo o desenvolvimento das crianças e a saúde mental das mães.

"A presença paterna nos primeiros meses é fundamental para o vínculo familiar, para o equilíbrio emocional das mulheres e até para o desenvolvimento cognitivo dos filhos. É uma política pública com base em evidências científicas", disse o relator.

Estabilidade

O texto do substitutivo assegura que todo trabalhador formal terá estabilidade no emprego desde o momento em que comunica à empresa o pedido da licença-paternidade até 30 dias após o retorno ao trabalho. Nesse período, fica proibida a demissão sem justa causa - a dispensa só pode ocorrer por motivos legais devidamente comprovados. Se o trabalhador dividir a licença em duas partes (como a nova lei permite), o prazo de estabilidade conta a partir do fim do primeiro período. Caso o empregado seja demitido sem justa causa e perca o direito à segunda parte da licença, a empresa deverá indenizar o trabalhador em dobro pelo tempo não usufruído.

Já para autônomos, microempreendedores individuais (MEIs) e outros segurados do INSS, a estabilidade não se aplica, pois não há vínculo empregatício. No entanto, o substitutivo cria o salário-paternidade, um benefício pago diretamente pelo INSS, garantindo a remuneração integral durante o período de afastamento. Assim, mesmo sem a proteção contra demissão, esses trabalhadores passam a ter direito ao benefício financeiro, equiparado ao salário-maternidade, por até 30 dias, conforme a ampliação gradual prevista até 2031.

Criação do salário-paternidade e impacto financeiro

O projeto cria o salário-paternidade, benefício pago pelo INSS a todos os segurados - empregados, autônomos, domésticos e microempreendedores individuais (MEIs). O valor será equivalente à remuneração integral do trabalhador durante o afastamento.

As empresas que anteciparem o pagamento poderão compensar o valor nas contribuições previdenciárias, como já ocorre com o salário-maternidade.

O impacto financeiro estimado é de R$ 4,3 bilhões em 2027, primeiro ano de vigência, e de R$ 8 bilhões em 2029. O relator explica que, apesar do custo, o valor representa menos de 0,1% do orçamento da Seguridade Social, sendo "plenamente absorvível dentro das contas públicas".

De onde virá o dinheiro

Para cobrir a despesa, o substitutivo propõe novas fontes de arrecadação, como a tributação de aplicações financeiras e de ativos virtuais (criptomoedas). Segundo Campos, o impacto fiscal é "socialmente justo, pois incide sobre rendas mais altas e devolve benefícios diretos às famílias de baixa e média renda".

Em entrevista coletiva após a reunião de líderes, Pedro Campos (PSB-PE) afirmou que recebeu diversas contribuições do setor produtivo, incluindo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), sobre a proposta de ampliação da licença-paternidade. Segundo ele, a CNI sugeriu ajustes para evitar que o aumento do benefício gere demissões de trabalhadores que informarem à empresa que serão pais.

Campos disse que a ideia é acolher a sugestão da CNI, construindo uma legislação que garanta a permanência do empregado após comunicar a paternidade, mas que não engesse a relação entre empresa e trabalhador. "O homem tem que informar com antecedência à empresa que ele vai ser pai, porque é preciso que a empresa se prepare, assim como ele vai se preparar", afirmou o deputado.

Investimento social

No relatório, o deputado afirma que o benefício não pode ser visto como gasto, mas como um investimento social. "A licença-paternidade traz retorno econômico ao favorecer a produtividade e reduzir o absenteísmo das mães no trabalho", argumenta o relator.

O relatório menciona dados da Fiocruz, do Unicef e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) segundo os quais o envolvimento paterno reduz riscos de depressão pós-parto, melhora a saúde infantil e aumenta o retorno das mulheres ao trabalho.

Campos lembra que o Brasil está muito atrás de países da OCDE, onde a licença média é de 45 dias, e de vizinhos latino-americanos como o Chile (15 dias) e o Uruguai (13 semanas compartilhadas entre pais e mães).

"Não é apenas uma medida de proteção à infância, mas também de igualdade de gênero e de produtividade econômica", diz o relator.

"Não é favor"

Com o acordo entre os líderes, o texto será votado no plenário da Câmara na próxima semana. Caso aprovado, seguirá para o Senado. O substitutivo prevê que as novas regras entrem em vigor em 1º de janeiro de 2027. Para virar lei, depois de passar pelo crivo de deputados e senadores, o texto terá de ser sancionado pelo presidente da República.

"O Brasil dá um passo histórico para reconhecer que cuidar também é trabalho. A paternidade responsável não é um favor, é um direito", conclui Pedro Campos em seu relatório.

Leia Mais

Painel do Poder mostrou maioria pela licença-paternidade no Congresso

Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

salario licença-paternidade INSS paternidade Pedro Campos Câmara

LEIA MAIS

Capital do Skate

Câmara aprova Porto Alegre como capital nacional do skate

SEGURANÇA

Após minuto de silêncio, deputados aplaudem morte de "bandidos" no RJ

SEGURANÇA

Projeto propõe normas específicas para calçadas e ciclovias

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

SEGURANÇA

Entenda situação da PEC da Segurança Pública na Câmara dos Deputados

2

SEGURANÇA PÚBLICA

Crise no Rio reforça necessidade da PEC da Segurança, diz relator

3

SEGURANÇA PÚBLICA

Derrite assume relatoria de projeto que trata facções como terroristas

4

Legislação

Nova lei caracteriza abandono afetivo como ilícito civil

5

TRANSPORTE AÉREO

Câmara aprova proibição da cobrança por malas de até 23 kg em voos

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES