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TENTATIVA DE GOLPE
Congresso em Foco
10/12/2025 16:03
A aprovação do chamado "PL da Dosimetria" pela Câmara dos Deputado, na madrugada desta quarta-feira (10), abriu uma disputa política e jurídica sobre o futuro das penas aplicadas aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e pela tentativa de golpe de Estado. Embora aliados de Jair Bolsonaro celebrem a possibilidade de diminuição expressiva das condenações — e adversários alertem para risco de impunidade —, especialistas têm insistido em um ponto central: não haverá reduções automáticas, e a aplicação das revisões dependerá de reavaliação individualizada, a ser realizada pelo STF, caso o projeto vire lei.
A análise do texto aprovado, somada à avaliação do professor de Direito da PUC-RS Aury Lopes Jr., mostra que a realidade jurídica é complexa. Segundo o criminalista, não há como fazer projeções matemáticas fechadas. "Tem de passar pelo Senado e ser sancionado. Aí vai ser refeita a dosimetria de cada um dos condenados. Não é uma coisa linear e automática, como a mídia está falando. Então, se vai aumentar a pena de um sexto até a metade, vai depender do que o julgador decidir", afirmou o professor em vídeo publicado nas redes sociais.
O que o projeto muda
O projeto aprovado pela Câmara faz alterações importantes nas leis que tratam de crimes contra a democracia e das regras de cumprimento de pena. Essas mudanças podem afetar diretamente os condenados pelo 8 de janeiro e pela tentativa de golpe.
1. O fim da "soma de penas": agora vale uma pena só
Hoje, quem é condenado por tentativa de golpe de Estado e por tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito recebe as duas penas somadas.
O projeto muda isso.
Se os dois crimes forem cometidos no mesmo contexto:
Em vez de somar as penas, o STF terá de aplicar uma pena única, com um aumento definido caso a caso.
2. Progressão de regime mais rápida para a maioria dos crimes
O projeto também muda as regras para que um preso passe do regime fechado para o semiaberto.
A regra geral passa a ser:
Mas há exceções — crimes mais graves continuam exigindo mais tempo:
Essas mudanças atingem um grande número de condenações, não apenas as do 8 de janeiro.
3. Trabalho e estudo passam a descontar pena também na prisão domiciliar
Outra mudança importante: pessoas que cumprem pena em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica poderão reduzir sua pena se comprovarem:
Até hoje, isso dependia de decisões dos tribunais. O projeto passa a deixar a regra clara.
4. Redução de pena para quem participou de atos em massa sem liderar ou financiar
O texto também prevê uma redução de pena — entre 1/3 e 2/3 — para pessoas que participaram de atos cometidos em "contexto de multidão", como ocorreu no 8 de janeiro, desde que não tenham liderado as ações, e não tenham financiado os atos.
Isso pode beneficiar réus considerados de baixa participação.
As penas vão cair automaticamente? Não. Nem agora, nem depois da sanção
Embora políticos e comentaristas tenham divulgado números prontos sobre possíveis reduções, essa interpretação é questionável, segundo Aury Lopes Jr. "Não é automático. Cada pena terá de ser refeita individualmente", alerta. Isso acontece porque a lei penal mais benéfica pode retroagir, mas não reescreve as sentenças sozinha. O STF terá de recalcular caso por caso.
O relator tem dito que, caso o projeto vire lei, o tempo de prisão em regime fechado para Bolsonaro poderia cair de 7 anos 8 meses para algo em torno de 2 anos e 4 meses. O ex-presidente foi condenado, ao todo, a 27 anos e 9 meses de prisão por tentativa de golpe.
O Supremo precisará revisar:
Nada disso é automático ou imediato. "É impossível prever isso agora. Será caso a caso", afirma Aury.
Progressão ao semiaberto também depende da pena final
Mesmo com a nova regra de 1/6, é preciso considerar:
Por isso, nenhuma projeção sobre "quantos anos Bolsonaro ficará preso" é confiável neste momento, de acordo com o professor da PUC-RS.
Como os réus do 8 de janeiro foram julgados diretamente pelo Supremo, é o próprio STF que terá de refazer as penas usando as novas regras — se o projeto virar lei.
Isso pode acontecer por:
Em qualquer hipótese, cada condenado terá sua pena revista individualmente.
Cenários possíveis: apenas hipóteses, não previsões
A partir do texto aprovado, é possível imaginar diferentes cenários, mas todos são hipotéticos. Tudo depende de decisões que ainda serão tomadas.
Entre os fatores que influenciarão os resultados estão:
O que esperar agora
Com o texto aprovado na Câmara, caberá ao Senado decidir se aprova, altera ou rejeita o projeto. O texto foi encaminhado pelos deputados à CCJ do Senado em tempo recorde. O presidente da comissão, Otto Alencar (PSD-BA), escolheu o senador Espiridião Amin (PP-SC), defensor da anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, para relatar a proposta. Se passar pelo Senado sem alterações, o texto será enviado para sanção presidencial. Caso o presidente Lula vete, o Congresso poderá rever a decisão do petista, em sessão conjunta de deputados e senadores.
A partir daí, as defesas poderão pedir a revisão das penas.
O STF recalculará cada caso individualmente. A execução penal será ajustada conforme as novas penas.
Em resumo:
Ou seja: a porta foi aberta, mas é o Supremo que decidirá "quão aberta" ela ficará para cada condenado.
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