Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
30/5/2017 | Atualizado 31/5/2017 às 8:04
[fotografo]Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados[/fotografo][/caption]
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) 2 concluiu hoje (30), em Brasília, a votação do relatório do deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).
O texto-base, que prevê o indiciamento de 67 pessoas, entre lideranças comunitárias, antropólogos e servidores, foi aprovado há duas semanas e mantido com a rejeição de sugestões de mudanças propostas pela oposição.
Leia também:
Demitido da presidência da Funai diz temer pela própria vida
Ministro da Justiça demite presidente da Funai por não nomear indicações do PSC
Presidente da Funai é exonerado após recusa a nomeações partidárias
Os membros da comissão, composta em sua maioria por deputados que integram a Frente Parlamentar da Agropecuária, a chamada bancada ruralista, rejeitaram os dois destaques apresentados pela deputada Erika Kokay (PT-DF) que estavam pendentes de análise.
Proposta rejeitada
No primeiro destaque, a deputada oposicionista pedia que os indiciamentos propostos pelo relator fossem retirados do relatório. Na última reunião, o relator aceitou excluir apenas as pessoas que já morreram e o presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho.
O relator também retirou os integrantes do Ministério Público, o que reduziu o número de pedidos para 67. O pedido de indiciamento é um dos pontos mais criticados do relatório final da comissão, principalmente por entidades que atuam na defesa dos direitos indígenas.
As lideranças comunitárias avaliam que o pedido de indiciamento é equivocado e visa criminalizar os agentes que atuam de forma contrária aos interesses econômicos do agronegócio.
O outro destaque não considerado pedia que fossem retiradas as proposições de reanálise de processos de demarcação de terras indígenas já realizados pela Funai e o Incra. E a supressão da proposta dos ruralistas para regulamentar o processo de demarcação e permitir a desapropriação de terras indígenas que não estavam ocupadas antes de outubro de 1988 e restringir a demarcação apenas para terras ocupadas.
Tentativa de adiamento
Como em todas as reuniões da CPI, os oposicionistas tentaram adiar a conclusão dos trabalhos da comissão. O deputado Nilto Tatto (PT-SP) questionou a ausência das alterações prometidas pelo relator na ata da última reunião. O presidente da comissão, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), negou os questionamentos e deu continuidade à votação.
Para a deputada Erika Kokay, o relatório é "um panfleto contra o povo" e o trabalho da CPI representa uma tentativa de nova colonização do país pelos proprietários rurais. O deputado Mauro Pereira (PMDB- RS) defendeu o relatório e considerou o posicionamento da oposição como "demagogia". A deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) argumentou que os pedidos de indiciamento de antropólogos mostram a "ideologização" do trabalho da CPI.
Nilson Leitão rebateu as críticas dizendo que o governo do PT foi o que menos demarcou e contribuiu para "desaparelhar" a Funai e declarou que "quem comete crimes tem que responder por eles", em referência aos pedidos de indiciamento.
Parlamentares do PT, PSOL, PCdoB e PSB anunciaram que reapresentarão uma versão paralela ao relatório aprovado pela comissão em que denunciam as "manipulações" da CPI. A oposição informou que irá ao Ministério Público para tentar invalidar os resultados da comissão.
Demarcação de terras indígenas
O documento elaborado por Leitão tem 3.385 páginas e pede, entre outros pontos, a "reestruturação" da Funai, depois de fortes críticas à proposta inicial de extinção do órgão. O documento pede ainda a reanálise da demarcação de terras indígenas e dos procedimentos administrativos em andamento no Ministério da Justiça.
No relatório, também há a recomendação de que mais de 90 pessoas, entre lideranças indígenas, religiosas, antropólogos, procuradores da República, técnicos da Funai e do Incra e defensores dos direitos dos povos originários, sejam indiciados por supostos crimes cometidos durante o processo de demarcação de terras indígenas. O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também está na lista dos pedidos de indiciamento.
Com o encerramento da votação do relatório final, a CPI da Funai e Incra 2 concluiu os trabalhos nesta terça-feira. O prazo de funcionamento da comissão se encerraria no último dia 27, mas foi prorrogado por mais 30 dias pela presidência da Câmara a pedido do deputado Alceu Moreira.
A CPI foi instalada em 2016 considerando a necessidade de investigação de casos de fraudes e desvios ocorridos no processo de demarcação de terras conduzido pela Funai e o Incra. O relatório agora será encaminhado aos órgãos de investigação.
Mais sobre questão indígenaTags
Temas
SEGURANÇA PÚBLICA
Crise no Rio reforça necessidade da PEC da Segurança, diz relator
SEGURANÇA PÚBLICA
Derrite assume relatoria de projeto que trata facções como terroristas
TRANSPORTE AÉREO
Câmara aprova proibição da cobrança por malas de até 23 kg em voos