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Ricardo de João Braga
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11/6/2021 | Atualizado 27/7/2021 às 14:11
 
 
 Vista superior do Congresso e da Esplanada dos Ministérios [fotografo] Ana Volpe Ag. Senado [/fotografo][/caption]A PEC 32/20, da reforma administrativa, recebeu do presidente Arthur Lira o carimbo de prioridade. Vencida a etapa da Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania - CCJ, deverá ser apreciada na comissão especial já instalada e com relator definido. Depois, se bem-sucedida, será enviada ao Plenário da Câmara dos Deputados, onde passará por votação em dois turnos, precisando de ao menos 308 votos favoráveis em cada um deles.
 Vista superior do Congresso e da Esplanada dos Ministérios [fotografo] Ana Volpe Ag. Senado [/fotografo][/caption]A PEC 32/20, da reforma administrativa, recebeu do presidente Arthur Lira o carimbo de prioridade. Vencida a etapa da Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania - CCJ, deverá ser apreciada na comissão especial já instalada e com relator definido. Depois, se bem-sucedida, será enviada ao Plenário da Câmara dos Deputados, onde passará por votação em dois turnos, precisando de ao menos 308 votos favoráveis em cada um deles. 
 Neste cenário o calendário sufoca a cada dia as chances de aprovação da reforma, pois as eleições se aproximam e tornam mais perceptível o ônus de uma votação contra os servidores públicos organizados. Com a necessária passagem pela comissão especial, as estimativas mais otimistas preveem que a reforma chegue ao plenário em meados do segundo semestre. Isso levaria a conclusão de sua tramitação, no Senado, para 2022.
Pode-se lembrar da reforma da Previdência aprovada em 2019 que, contrariamente à regra geral, encontrou apoio da sociedade e gerou dividendos políticos para seus apoiadores. Na época, alguns parlamentares relataram que ouviam de eleitores a defesa da reforma. 
Contudo, a reforma da Previdência foi aprovada em início de mandato e colheu um nível de maturidade mais elevado, posto que já discutida e quase tentada pelo governo anterior. Não é o caso agora, com as eleições se aproximando e os focos de resistência ganhando ascensão sobre os parlamentares. O mais provável no caso da reforma administrativa é esperar maiores desgastes aproximando-se a eleição. A prudência recomenda que não se fiem as esperanças de aprovação na excepcionalidade de um novo apoio popular.
Neste cenário o calendário sufoca a cada dia as chances de aprovação da reforma, pois as eleições se aproximam e tornam mais perceptível o ônus de uma votação contra os servidores públicos organizados. Com a necessária passagem pela comissão especial, as estimativas mais otimistas preveem que a reforma chegue ao plenário em meados do segundo semestre. Isso levaria a conclusão de sua tramitação, no Senado, para 2022.
Pode-se lembrar da reforma da Previdência aprovada em 2019 que, contrariamente à regra geral, encontrou apoio da sociedade e gerou dividendos políticos para seus apoiadores. Na época, alguns parlamentares relataram que ouviam de eleitores a defesa da reforma. 
Contudo, a reforma da Previdência foi aprovada em início de mandato e colheu um nível de maturidade mais elevado, posto que já discutida e quase tentada pelo governo anterior. Não é o caso agora, com as eleições se aproximando e os focos de resistência ganhando ascensão sobre os parlamentares. O mais provável no caso da reforma administrativa é esperar maiores desgastes aproximando-se a eleição. A prudência recomenda que não se fiem as esperanças de aprovação na excepcionalidade de um novo apoio popular. 
| SIMULAÇÕES de votos no Plenário | ||||||||
| Voto na CCJ | Conforme voto na CCJ | Conforme encaminhamento* | ||||||
| Partido | Encaminhamento | Bancada na Câmara | Sim | Não | Sim | Não | Sim | Não | 
| PSL | Sim | 53 | 7 | 0 | 53 | 0 | 53 | 0 | 
| PT | Não | 53 | 0 | 7 | 0 | 53 | 0 | 53 | 
| PL | Sim | 41 | 4 | 0 | 41 | 0 | 41 | 0 | 
| PP | Sim | 40 | 3 | 2 | 24 | 16 | 40 | 0 | 
| PSD | Sim | 35 | 4 | 1 | 28 | 7 | 35 | 0 | 
| MDB | 34 | 2 | 1 | 23 | 11 | 34 | 0 | |
| Republicanos | Sim | 33 | 4 | 0 | 33 | 0 | 33 | 0 | 
| PSDB | Sim | 33 | 3 | 1 | 25 | 8 | 33 | 0 | 
| PSB | Não | 30 | 0 | 4 | 0 | 30 | 0 | 30 | 
| DEM | 29 | 4 | 0 | 29 | 0 | 29 | 0 | |
| PDT | Não | 25 | 0 | 4 | 0 | 25 | 0 | 25 | 
| Solidariedade ** | 14 | 1 | 1 | 7 | 7 | 7 | 7 | |
| Pros | Não | 11 | 0 | 1 | 0 | 11 | 0 | 11 | 
| PSC | Sim | 11 | 1 | 0 | 11 | 0 | 11 | 0 | 
| PTB | 10 | 1 | 0 | 10 | 0 | 10 | 0 | |
| Podemos ** | Liberado | 10 | 1 | 1 | 5 | 5 | 5 | 5 | 
| Psol | Não | 10 | 0 | 1 | 0 | 10 | 0 | 10 | 
| Novo | Sim | 8 | 1 | 0 | 8 | 0 | 8 | 0 | 
| Avante | 8 | 1 | 0 | 8 | 0 | 8 | 0 | |
| PCdoB | Não | 7 | 0 | 1 | 0 | 7 | 0 | 7 | 
| Cidadania | Não | 7 | 0 | 1 | 0 | 7 | 0 | 7 | 
| Patriota | 6 | 1 | 0 | 6 | 0 | 6 | 0 | |
| PV | 4 | 1 | 0 | 4 | 0 | 4 | 0 | |
| Rede | Não | 1 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 1 | 
| Total | 513 | 39 | 26 | 314 | 198*** | 357 | 156 | |
 Reunião desta semana em que os líderes discutiram rumos da reforma administrativa [fotografo]  Luis Macedo - Ag. Câmara [/fotografo][/caption]Como vimos, o Plenário atingiria 314 votos favoráveis se a posição dos parlamentares seguisse a divisão vista na CCJ. É uma margem bastante restrita e que se baseia na presença de todos os 513 parlamentares à sessão. Em períodos de votação presencial, mesmo as PECs mais importantes dos últimos anos nunca tiveram a presença total de deputados. 
Nesse sentido, a deliberação pelo sistema remoto favorece a aprovação da PEC, pois facilita a presença e o voto dos parlamentares. Dada a margem restrita, qualquer abstenção pode pesar muito no resultado final.
 Reunião desta semana em que os líderes discutiram rumos da reforma administrativa [fotografo]  Luis Macedo - Ag. Câmara [/fotografo][/caption]Como vimos, o Plenário atingiria 314 votos favoráveis se a posição dos parlamentares seguisse a divisão vista na CCJ. É uma margem bastante restrita e que se baseia na presença de todos os 513 parlamentares à sessão. Em períodos de votação presencial, mesmo as PECs mais importantes dos últimos anos nunca tiveram a presença total de deputados. 
Nesse sentido, a deliberação pelo sistema remoto favorece a aprovação da PEC, pois facilita a presença e o voto dos parlamentares. Dada a margem restrita, qualquer abstenção pode pesar muito no resultado final. 
 Pacheco e Guedes: ministro faz a ponte com o Congresso, no lugar do presidente [fotografo] Marcos Brandão Ag. Câmara [/fotografo][/caption]Como se vê, embora o peso da articulação do presidente Arthur Lira seja significativo (como o era o apoio do ex-presidente Rodrigo Maia à reforma tributária), o cenário projetado a partir da votação na CCJ e da identificação de fatores intervenientes mostra que as chances de aprovação da reforma administrativa são baixas. 
Nos casos de deliberação de reformas constitucionais impopulares, o padrão brasileiro clássico sempre exigiu a participação forte do Executivo na articulação de posições, por meio de distribuição de verbas e cargos. 
No quadro atual, parece que a distribuição de verbas andará sob escrutínio forte da imprensa após o "tratoraço" além de submetida a restrições fiscais duras, o que torna seu uso mais difícil (além das "emendas impositivas" já livres de ingerência do Executivo). 
A distribuição de cargos enfrenta a escassez da disputa com militares e ala ideológica e a aproximação das eleições. Esses fatores tornam a posse de um posto no Executivo um ativo com forte desconto, já que os benefícios podem ser de curta duração. 
Por fim, e certamente o mais importante, a ação do Executivo depende da aprovação e impulso do presidente da República. Não parece crível que Bolsonaro entrará em campo para ajudar na aprovação da reforma administrativa. Ao contrário, o presidente já se manifestou, nos bastidores, contrariamente à proposta, conforme relato atribuído ao ministro Paulo Guedes em conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Em um telefonema, segundo publicado em jornais, Guedes avisou ao senador que Bolsonaro não queria a reforma administrativa, tampouco trabalharia por ela.
[caption id="attachment_499576" align="aligncenter" width="1024"]
 Pacheco e Guedes: ministro faz a ponte com o Congresso, no lugar do presidente [fotografo] Marcos Brandão Ag. Câmara [/fotografo][/caption]Como se vê, embora o peso da articulação do presidente Arthur Lira seja significativo (como o era o apoio do ex-presidente Rodrigo Maia à reforma tributária), o cenário projetado a partir da votação na CCJ e da identificação de fatores intervenientes mostra que as chances de aprovação da reforma administrativa são baixas. 
Nos casos de deliberação de reformas constitucionais impopulares, o padrão brasileiro clássico sempre exigiu a participação forte do Executivo na articulação de posições, por meio de distribuição de verbas e cargos. 
No quadro atual, parece que a distribuição de verbas andará sob escrutínio forte da imprensa após o "tratoraço" além de submetida a restrições fiscais duras, o que torna seu uso mais difícil (além das "emendas impositivas" já livres de ingerência do Executivo). 
A distribuição de cargos enfrenta a escassez da disputa com militares e ala ideológica e a aproximação das eleições. Esses fatores tornam a posse de um posto no Executivo um ativo com forte desconto, já que os benefícios podem ser de curta duração. 
Por fim, e certamente o mais importante, a ação do Executivo depende da aprovação e impulso do presidente da República. Não parece crível que Bolsonaro entrará em campo para ajudar na aprovação da reforma administrativa. Ao contrário, o presidente já se manifestou, nos bastidores, contrariamente à proposta, conforme relato atribuído ao ministro Paulo Guedes em conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Em um telefonema, segundo publicado em jornais, Guedes avisou ao senador que Bolsonaro não queria a reforma administrativa, tampouco trabalharia por ela.
[caption id="attachment_499576" align="aligncenter" width="1024"] Arthur Maia assumiu nesta semana a relatoria da reforma administrativa[/caption]
Nesta semana, em reunião de líderes realizada na residência oficial do presidente da Câmara, os deputados saíram com o discurso afinado. Eles ouviram de Lira que nenhum direito adquirido dos atuais servidores será retirado, como já estabelece hoje a Constituição. A disputa, porém, poderá se dar sobre os contornos desses direitos.  
Os líderes também defenderam que o Legislativo e o Judiciário, com seus poderosos juízes, sejam enquadrados na reforma. Mais de 8 mil magistrados receberam ao menos uma vez mais de R$ 100 mil por mês, desde 2017, quase três vezes o teto constitucional de R$ 39,3 mil. A ideia, segundo relato feito por participantes da reunião, é votar, em paralelo, o projeto que regulamenta e acaba com os chamados supersalários. 
O relator da reforma, Arthur Maia (DEM-BA), indicou, assim que foi empossado no posto, que incluirá o Legislativo, o Judiciário e o Ministério Público, além dos militares, em seu substitutivo. Por mais correta que possa ser a medida, mexer com juízes e com a base eleitoral de Bolsonaro só aumentará o grau de dificuldade e resistência à aprovação da reforma.
 Arthur Maia assumiu nesta semana a relatoria da reforma administrativa[/caption]
Nesta semana, em reunião de líderes realizada na residência oficial do presidente da Câmara, os deputados saíram com o discurso afinado. Eles ouviram de Lira que nenhum direito adquirido dos atuais servidores será retirado, como já estabelece hoje a Constituição. A disputa, porém, poderá se dar sobre os contornos desses direitos.  
Os líderes também defenderam que o Legislativo e o Judiciário, com seus poderosos juízes, sejam enquadrados na reforma. Mais de 8 mil magistrados receberam ao menos uma vez mais de R$ 100 mil por mês, desde 2017, quase três vezes o teto constitucional de R$ 39,3 mil. A ideia, segundo relato feito por participantes da reunião, é votar, em paralelo, o projeto que regulamenta e acaba com os chamados supersalários. 
O relator da reforma, Arthur Maia (DEM-BA), indicou, assim que foi empossado no posto, que incluirá o Legislativo, o Judiciário e o Ministério Público, além dos militares, em seu substitutivo. Por mais correta que possa ser a medida, mexer com juízes e com a base eleitoral de Bolsonaro só aumentará o grau de dificuldade e resistência à aprovação da reforma. 
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