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Ricardo de João Braga
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3/9/2021 12:21
Bolsonaro enfrentará em 2022 uma eleição mais "normal" do que foi a de 2018, quando se elegeu presidente [fotografo] Fábio Pozzebom/Agência Brasil [/fotografo][/caption]As eleições de 2022 colocam obstáculos cada vez maiores a Bolsonaro, como demonstra a queda de popularidade e apoio constatada em várias pesquisas de opinião. Em edições anteriores do Farol, já comentamos que a opção do presidente pelo golpe é uma possibilidade real, assim como há chances - no sentido das probabilidades - de que, ao contrário do golpe, o presidente veja sua popularidade crescer um pouco devido às condições da economia e da pandemia, cujas condições podem melhorar nos próximos meses, e assim animá-lo para o processo eleitoral.
Expectadores mais atentos e experientes, contudo, apontam outros problemas numa possível jornada eleitoral de Bolsonaro, como manifestou Gilberto Kassab há algumas semanas opinando que o presidente estaria "perdido". Embora a beligerância e as emoções fortes devam prevalecer na campanha de 2022, em vários sentidos as eleições voltarão ao seu estado normal, fugindo da excepcionalidade vista há quase três anos. E o normal é desafiador a Bolsonaro.
2018 nos trouxe uma eleição que foi a um tempo um plebiscito em relação ao Partido dos Trabalhadores, uma ode à Lava Jato - os quais consubstanciam um desejo profundo de mudança antissistema - e, importante, uma abertura aos desafiantes, pois não havia um presidente concorrendo à reeleição. Além disso, a campanha de Bolsonaro fez uso quase revolucionário das redes sociais, o que o diferenciou positivamente em relação aos demais.
Eleições "normais" - o que se espera para 2022 - têm o desempenho do governo em destaque. Os eleitores analisam questões como custo de vida, emprego, serviços públicos, etc. Antipetismo, ideologia, movimentos antissistema terão seu lugar, mas com um presidente concorrendo à reeleição o que será julgado é principalmente seu desempenho. O uso das redes sociais deverá também estar mais parelho, pois as estratégias de 2018 ou serão mais controladas pela Justiça Eleitoral ou, as legítimas e exitosas, deverão ser emuladas por todos os candidatos.
Um dos elementos da "normalidade" das eleições, que trataremos aqui, refere-se à construção e importância dos palanques estaduais.
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Jair Bolsonaro |
Fernando Haddad |
Ciro Gomes |
|||
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Presidente |
Governador |
Presidente |
Governador |
Presidente |
Governador |
RR |
1 |
1 |
2 |
5 |
4 |
3 |
AP |
1 |
4 |
2 |
2 |
3 |
1 |
AM |
1 |
2 |
2 |
5 |
3 |
2 |
PA |
2 |
1 |
1 |
3 |
3 |
2 |
AC |
1 |
3 |
2 |
2 |
4 |
2 |
RO |
1 |
2 |
2 |
5 |
3 |
* |
TO |
1 |
4 |
2 |
3 |
3 |
3 |
GO |
1 |
1 |
2 |
4 |
3 |
1 |
DF |
1 |
1 |
3 |
9 |
2 |
2 |
MT |
? |
? |
? |
? |
? |
? |
MS |
1 |
* |
2 |
4 |
3 |
2 |
MA |
2 |
3 |
1 |
1 |
3 |
1 |
PI |
2 |
4 |
1 |
1 |
3 |
1 |
CE |
3 |
3 |
2 |
1 |
1 |
1 |
RN |
2 |
4 |
1 |
1 |
3 |
2 |
PB |
2 |
2 |
1 |
1 |
3 |
1 |
PE |
2 |
2 |
1 |
1 |
3 |
5 |
AL |
2 |
2 |
1 |
1 |
3 |
1 |
SE |
2 |
6 |
1 |
1 |
3 |
2 |
BA |
2 |
4 |
1 |
1 |
3 |
1 |
MG |
1 |
* |
2 |
3 |
3 |
4 |
ES |
1 |
2 |
2 |
3 |
3 |
1 |
RJ |
1 |
* |
3 |
7 |
2 |
5 |
SP |
1 |
7 |
2 |
4 |
3 |
* |
PR |
1 |
* |
2 |
4 |
3 |
3 |
SC |
1 |
2 |
2 |
4 |
3 |
1 |
RS |
1 |
* |
2 |
3 |
3 |
4 |
"Novidades" como Wilson Witzel foram puxadas em 2018 pelo fenômeno Jair Bolsonaro [fotografo] Marcos Oliveira/Agência Senado [/fotografo][/caption]Bolsonaro, como outsider em 2018, vivenciou dois fenômenos. O primeiro foi o impulsionamento de candidatos de seu partido e coligações, políticos que pareciam pouco competitivos, mas obtiveram bom desempenho graças ao candidato a presidente. Neste grupo estão Wilson Witzel (RJ), Carlos Moisés (SC) e Antonio Denarium (RR), por exemplo. O segundo movimento foi a aproximação e o fortalecimento de candidatos de outros partidos e coligações, como por exemplo João Dória (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Jr. (PR) e Eduardo Leite (RS); no caso dos peessedebistas, influência mais forte no segundo turno.
Mesmo considerando apenas as alianças formais realizadas pelo PSL em 2018, seu sucesso foi grande, conforme vê-se na tabela abaixo:
2: Resultados Consolidados em Número de Estados
|
|
Jair Bolsonaro |
Fernando Haddad |
Ciro Gomes |
|||
Presidente |
Governador |
Presidente |
Governador |
Presidente |
Governador |
|
1º Colocado |
16 |
4 |
9 |
9 |
1 |
10 |
2º Lugar |
9 |
7 |
15 |
2 |
2 |
6 |
3º Colocado |
1 |
3 |
2 |
5 |
21 |
3 |
4º e mais |
|
7 |
|
10 |
2 |
4 |
Lula fez um périplo pelo Nordeste consolidando sua posição na região [fotografo] Ricardo Stuckert/Instituto Lula [/fotografo][/caption]O desempenho consolidado do PT nos palanques estaduais não foi muito inferior ao do presidente Bolsonaro. A tabela 2 mostra que, assim como o PSL, o PT teve 11 candidatos a governador que terminarem em primeiro ou segundo lugares no primeiro turno. Já no grupo de terceiro lugar e inferiores, o PT apresenta um número maior de representantes, 15 contra 10 do PSL. Contudo, isso também se deve ao fato de o PSL, em cinco estados, não ter apoiado formalmente nenhum candidato.
Contudo, a marca da campanha petista foi a concentração espacial. A região Nordeste foi o seu bastião em 2018. Todos os candidatos a governador que terminaram o primeiro turno em primeiro lugar, então eleitos ou a disputar o segundo turno, foram apoiados pelo PT. Ao contrário, o PT não apoiou nenhum vencedor em outras regiões do Brasil.
Estes números ajudam a explicar o atual empenho do presidente Lula em visitar a região Nordeste e seus políticos. Lula está como o barão que se prepara para guerra. As posições em seu terreno devem estar fortificadas e garantidas contra o inimigo com antecedência, uma base que permitirá incursões em terrenos disputados e onde a vitória pode ser conseguida.
No jogo de profissionais para 2022, Ciro Gomes está ficando espremido [fotografo] Agência Câmara [/fotografo][/caption]Desta forma, o destino da campanha de Ciro Gomes poderá ser lido com alguma antecipação em relação aos demais candidatos.
Se as alianças do PDT repetirem o padrão de 2018, as chances de Ciro caem drasticamente. As oportunidades para o pedetista viriam de um improvável enfraquecimento do PT na região Nordeste e na esquerda, abrindo-lhe espaço, ou seu avanço para a direita em todo o Brasil. A postura espinhosa de Ciro Gomes diante de Lula e o PT tanto visa cativar o eleitor de centro e direita quanto abrir portas para necessárias alianças partidárias. Se elas não vierem, o sucesso será apenas obra da fortuna.
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