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Ricardo de João Braga
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12/2/2021 | Atualizado 27/7/2021 às 14:13
quando se está na boca de um vulcão ativo, a primeira medida de segurança é não tirar os olhos do mar de lava abaixo [fotografo] Budkov Denis/Shutterstock[/fotografo][/caption]
Falta de clareza e de planos de Guedes frustram atuação do Ministério da Economia no governo Bolsonaro [fotografo]Washington Costa/Ministério da Economia[/fotografo][/caption]É consensual no grupo a visão de que a vitória de Rodrigo Pacheco no Senado e de Arthur Lira na Câmara dos Deputados não caracteriza a formação de uma coalizão de governo ou mesmo de uma coalizão pelas reformas. No caso do Senado, Pacheco obteve o apoio da oposição, e Lira na Câmara amealhou seus 302 votos muito mais em cima de promessas de ganhos imediatos em cargos e verbas do que uma agenda de governo. Como se diz no jargão da Ciência Política ressaltado por Carlos Pereira, montar uma coalizão é bastante diferente de geri-la. No caso, se até a montagem é questionável, aumentam em muito os desafios para uma gestão exitosa.
Pontos não tão explorados pelo grupo, mas para nós cruciais, são o compromisso e a capacidade estratégica e operacional do Poder Executivo em conduzir reformas de monta. Algo que já comentamos aqui diversas vezes, a pauta do presidente é eminente destrutiva e, quando propositiva, foca em questões menores e direcionada a seu grupo de apoiadores mais radicalizado. Já a tradicional "casa de força" dos governos reformistas, o Ministério da Economia, tem se mostrado muito aquém da expectativa no governo Bolsonaro. Por falta de liderança e de clareza em seus planos, suas propostas têm surgido atrasadas, tímidas e mal formuladas ou retoricamente megalomaníacas, duas posturas que não incentivam um comportamento adequado dos parlamentares.
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Lira, Bolsonaro e Pacheco: montar uma coalizão é diferente de administrá-la [fotografo]Marcos Correa PR[/fotografo][/caption]Diante de tal ponto de partida, as cruciais reformas não receberam prognósticos positivos dos nossos futurólogos. Nenhum deles vê no horizonte a possibilidade de sucesso de reformas como a administrativa e a tributária. Os vestígios de otimismo encontrados aqui e ali são de algum avanço da reforma administrativa na Câmara e talvez a aprovação de mudanças nas regras do PIS/Cofins apenas, o que está muito distante de configurar uma reforma tributária. Alinhamo-nos a esse otimismo diminuto, pois como já apontamos em outras edições do Farol, ambas as reformas são muito complexas, com muitos grupos discordantes e pontos de veto, um desafio enorme para a frágil base constituída.
A questão fiscal, premente em 2021, oscila entre o desmoronamento do teto e a deterioração do ambiente econômico e a construção de uma solução coordenada capaz de preservar as expectativas e apoiar os ainda necessitados da crise pandêmica. Em termos concretos, alguns acreditam que é possível casar um novo auxílio emergencial com regras fiscais positivas de longo prazo, como aprovação de dispositivos da PEC Emergencial ou segregação crível de créditos extraordinários - o que não contaminaria as expectativas. Para nós, essa possibilidade benigna segue a regra da moedinha para o alto, 50% de chances.
Outro ponto ressaltado foi o retorno da pauta de costumes. Diante da perda de popularidade de Bolsonaro, a aproximação das eleições e a dificuldade na economia, a retomada de projetos caros à direita mais conservadora deve ganhar força. Se terá sucesso, os futurólogos apontam não só as dificuldades criadas pela oposição como também uma postura contrária do Judiciário. O que parece claro é que falar de costumes servirá para o presidente e muitos apoiadores como uma cortina de fumaça para os problemas de emprego e renda a serem fortemente sentidos pela população em geral.
Sobre o impeachment, ele paira no ar, mas só pode se consolidar diante da clássica conjunção de crises econômica e política e recrudescimento da impopularidade, o que ainda está longe de se consolidar.
As eleições de 2022
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Lula e Haddad, dois nomes de uma esquerda que se apresenta fragmentada para 2022 [fotografo]Ricardo Stuckert[/fotografo][/caption]Quanto a 2022, a fragilidade da oposição de esquerda é reconhecida, assim como a derrota do centro não-bolsonarista sobretudo na Câmara dos Deputados. Prevê-se para Bolsonaro perdas significativas de apoio devido ao ambiente econômico ruim em 2021, que pode melhorar um pouco em 2022, e o enfraquecimento de sua base mais radical, hoje acuada. Ainda, vê-se que as próximas eleições devem voltar à natureza usual das eleições brasileiras, quando vai se falar da economia, do desempenho do incumbente na gestão e no trato da pandemia e quando tempo de TV, palanques regionais e recursos financeiros deverão novamente ganhar importância. A natureza polêmica e adversarial de Bolsonaro o prejudicará mais numa eleição "ordinária", contam.
Em resumo, prevê-se uma esquerda fragmentada, um centro não-bolsonarista com grandes desafios para colocar em pé uma candidatura capaz de aglutinar forças, e um Bolsonaro com um desempenho provavelmente ruim em todos os aspectos. Volta assim o velho diagnóstico de que Bolsonaro sonha com um segundo turno contra uma candidatura de esquerda tradicional, se possível do PT, o que será sua grande chance de novamente catalisar emoções e vencer o pleito.
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